quarta-feira, julho 30, 2008

Profundidade

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Vivemos um tempo de acessórios, em que raramente são discutidos os verdadeiros problemas, substituídos pelos aspectos laterias que os adornam. Não se discutem as propostas mas a legitimidade de quem as formulou, não se discutem as causas e as formas da pobreza realmente existente mas as metodologias estatísticas e a quem elas servem, não se discute a emergência brutal da economia chinesa na transformação da nossa sociedade mas apenas os défices democráticos que persistem no gigante oriental.
Perante tanta superficialidade sabe bem constatar que há alguém a tentar ir mais fundo e bater recordes de profundidade. Os cientistas russos tentam descer até ao ponto mais baixo do fundo do lago Baikal, na Sibéria, a mais de 1600 metros de profundidade.(ver aqui)

O lago, que visitei em 1980, é uma pérola da natureza situada a cerca de setenta quilómetros de Irkutsk. Com mais de seiscentos quilómetros de comprimento e oitenta de largura constitui o maior reservatório de água doce do planeta no centro do gigantesco continente. É tão grande que se todos os rios da terra depositassem nele as suas águas levariam pelo menos um ano para o encher.

Ainda guardo em minha casa um calhau rolado que recolhi nas margens do lago. Faz companhia a muitos outros vindos das mais estranhas paragens.

1 comentário:

Anónimo disse...

O lago Baikal tem petróleo, dizem os cientistas russos que iniciaram lá uma campanha de estudo, mergulhando com os submarinos de grande profundidade Mir 1 e Mir 2, para descobrir o que esconde o lago mais profundo do mundo (1637 metros), na Sibéria.
Há uma falha no leito do lago por onde penetra petróleo vindo da rocha, anunciou a agência noticiosa russa RIA Novosti. Os cientistas descobriram também muitos micro-organismos que vivem no petróleo, e o digerem para obter energia e viver.
Na segunda e na terça-feira, a equipa russa fez mergulhos, para tentar localizar a origem do petróleo. E foi descoberta, a cerca de 850 metros de profundidade, a sul de Baía de Barguzin, anunciou Mikhail Grachiov, especialista em evolução ao nível molecular, citado pela mesma agência.
Foram também recolhidas amostras de rochas e petróleo, para estudar os micro-organismos em laboratório. "Parece haver muitos seres vivos neste petróleo. Terão de ser muito estudados", disse Grachiov.
"Vamos estudar tudo - o petróleo, a forma como é metabolizado pelos micro-organismos, os próprios micróbios, as suas características físicas, tudo. Isto é necessário tanto ao nível da investigação fundamental, como devido a objectivos práticos", especificou o cientista, director do Instituto de Limnologia do ramo siberiano da Academia de Ciências Russa.
O Baikal, também chamado o Olho Azul da Sibéria, é o lago mais antigo do mundo: estima-se que se tenha formado há 25 milhões de anos. A expedição que agora o está estudar tem uma missão de dois anos, durante a qual serão feitos pelo menos 160 mergulhos de grande profundidade.
Tem sido sempre sublinhado que esta expedição científica não tem por objectivo descobrir novas reservas de gás natural e petróleo. O que se pretende é proteger o ecossistema único deste lago, adianta a agência RIA Novosti.
O Baikal tem 20 por cento das reservas de água doce do mundo, e é um local classificado como Património da Humanidade pela UNESCO. Apesar disso, têm-se registado muitos sustos, em termos ambientais, como o caso de uma fábrica de papel acusada de deitar grandes quantidades de toxinas nas águas do lago.