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A nova revista on-line OPS!, que sinceramente saúdo, foi ontem lançada.
OPS pode valer por "Outro Partido Socialista" ou "Oferta Pública de Sonhos", o futuro o dirá.
"A razão de ser da esquerda e do socialismo democrático foi sempre a de não se conformar e de procurar soluções alternativas."
Confesso que sou muito céptico quando surge uma iniciativa a dizer que é preciso ter novas ideias. Penso sempre que talvez se devesse ter pensado mais um pouco antes de a iniciativa nascer por forma a que surgisse já com algumas ideias novas.
A história das ideias mostra que ideias verdadeiramente inovadoras raramente foram bem recebidas. Costumam ser embrulhadas em silêncio para eventualmente ressuscitar um pouco mais tarde. Espero que não seja este o caso e que a OPS! não se feche no seu próprio umbigo.
Visitei o site da OPS! e resolvi fazer uma análise da ocorrência de certos termos no seu conteúdo. Aqui vão, sem comentários, os resultados por ordem decrescente do número de páginas em que o termo é mencionado: esquerda (30), debate (28), novo (27), governo (10), direitos (9), trabalhadores (8), estado (8), soluções (7), defesa (7), classe (6), futuro (6), tecnológico/a (6), protecção (5), socialismo (4), alternativa (2), revolução (1).
Quando se olha para a lista de Editores e Colaboradores da OPS! constata-se a larga maioria de académicos e funcionários do estado. Nesse aspecto está em linha com o que tem sido o "universo político" num país onde até o dirigente máximo da maior central sindical sentiu necessidade de se "legitimar"na universidade.
Este predomínio dos professores e outros funcionários no debate público, com notória ausência dos trabalhadores das empresas privadas bem como dos gestores e empresários, pode reforçar a sensação difusa, sem dúvida presente na sociedade portuguesa, de que existe um fosso entre o mundo da produção e do trabalho, por um lado, e o mundo das ideologias e da política, por outro. Aqui entronca a velha discussão sobre quem realmente conhece o "país real".
Depeço-me cordialmente com desejos de sucesso.
2 comentários:
Se houver alguma correlação entre o número de vezes que a palavra "revolução" é referida e a probabilidade de ocorrência do facto, o resultado da sua estatística é de bom augúrio. Uma das características das revoluções é precisamente essa: uma baixa probabilidade.
Cumprimentos
nelson anjos
Caro Nelson Anjos,
só espero que o mesmo se não aplique a "alternativa" e "socialismo" que também ocorrem pouco.
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