Muito antes da decisão do governo sobre a nova ponte já decorria o campeonato da "terceira travessia", uma espécie de "terceira via" para a outra banda.
Os especialistas esgrimiram na praça pública mas a profundidade das estocadas escapa ao cidadão comum.
A única coisa que me parece compreender é que a versão Beato-Montijo "amarra" na margem Sul quase no mesmo ponto em que "amarra" a Vasco da Gama. Assim, à vista desarmada, parece redundante.
Mas o que tem mais piada é a vertente estética. Houve logo quem saltasse contra a poluição do "sistema de vistas" e até avançasse com"antevisões" da catástrofe.
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O mais curioso é que a argumentação (por exemplo do TIS) procede como se a introdução de um elemento novo numa paisagem tivesse consequências inevitavelmente negativas.
A partir deste pressuposto, cuja validação é elegantemente dispensada, adiantam-se argumentos e até se computa em 170.000 o número de habitantes com as "vistas" afectadas, sem contar com os turistas. Tudo isto para concluir que a versão Beato-Montijo é muito melhor dado "distanciar-se ao máximo das colinas históricas".
Não consigo concordar em abstracto com tais teses já que, na prática, conheço situações em que o diálogo entre o contemporâneo e o "histórico" tem resultados excelentes; para não ir mais longe cito o caso do CCB que tendo provocado há uns anos muita celeuma aí está para mostrar que o convívio com os Jerónimos pode ser enriquecedor.
Deixem-me fazer uma pergunta: o estuário do Tejo seria mais interessante, ou mais bonito, ou mais "estético" sem a Ponte 25 de Abril ?
Quando o Salazar decidiu a "Ponte sobre o Tejo" não existiam, é certo, estas mordomias de discordar e fazer escândalo nos jornais. Era calar e comer. Mas hoje alguém tem dúvidas sobre o impacto positivo da elegância e majestade da ponte sobre todos os que visitam Lisboa ?
A ponte 25 de Abril avista-se do Terreiro do Paço, do Castelo, da Torre de Belém, de quase todos os miradouros de Lisboa. Passa pela cabeça a alguém que a ponte constitui uma degradação da paisagem que prejudica o turismo ?
Os "velhos do Restelo" mudaram-se para o "mar da palha".
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4 comentários:
Oh Fernando! Não podia estar mais de acordo.
Penso que estou de volta ao comentário político.
Um abraço
Ora até que enfim. Em boa hora regressas pois a tua falta fazia-se sentir. Um abraço.
Não é muito diferente que a ponte ferroviaria vá para o Montijo ou Barreiro, embora me pareça que no Montijo ficaria muito melhor: mais perto, mais barato, não se ficava frente ao Castelo de São Jorge no "Mar da Palha" a tirar a vista da cidade sobre rio. Porém, a travessia rodoviária deveria ser feita preferencialmente na Trafaria-Algés: No Montijo existe uma que serve perfeitamente o aeroporto, Montijo e o Barreiro; o Ocidente de Lisboa não tem alternatica à 25 de Abril; a ponte rodoviária em Chelas vai "engarrafar" a 2.ª Circular e vias circundantes. O tempo se encarregará de dar razão aos defensores desta solução.
Zé da Burra o Alentejano
Caro Zé da Burra, é caso para dizer "a ponte é uma miragem, para a outra margem..."
As pontes não "tiram a vista". Na verdade quer a "25 de Abril" quer a "Vasco da Gama" melhoraram muito a leitura das suas paisagens.
Quanto ao tráfego penso que a Ponte 25 de Abril não tem solução, por mais alternativas que façam continuará sempre engasgada. A procura aumentará sempre que a oferta aumentar.
Apesar de tudo a ponte no Barreiro ajudará mais a aliviar a 25 de Abril do que no Montijo.
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