quinta-feira, abril 03, 2008

Os "velhos do Restelo" mudaram-se para o "mar da palha"

Muito antes da decisão do governo sobre a nova ponte já decorria o campeonato da "terceira travessia", uma espécie de "terceira via" para a outra banda.
Os especialistas esgrimiram na praça pública mas a profundidade das estocadas escapa ao cidadão comum.
A única coisa que me parece compreender é que a versão Beato-Montijo "amarra" na margem Sul quase no mesmo ponto em que "amarra" a Vasco da Gama. Assim, à vista desarmada, parece redundante.
Mas o que tem mais piada é a vertente estética. Houve logo quem saltasse contra a poluição do "sistema de vistas" e até avançasse com"antevisões" da catástrofe.
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O mais curioso é que a argumentação (por exemplo do TIS) procede como se a introdução de um elemento novo numa paisagem tivesse consequências inevitavelmente negativas.

A partir deste pressuposto, cuja validação é elegantemente dispensada, adiantam-se argumentos e até se computa em 170.000 o número de habitantes com as "vistas" afectadas, sem contar com os turistas. Tudo isto para concluir que a versão Beato-Montijo é muito melhor dado "distanciar-se ao máximo das colinas históricas".

Não consigo concordar em abstracto com tais teses já que, na prática, conheço situações em que o diálogo entre o contemporâneo e o "histórico" tem resultados excelentes; para não ir mais longe cito o caso do CCB que tendo provocado há uns anos muita celeuma aí está para mostrar que o convívio com os Jerónimos pode ser enriquecedor.

Deixem-me fazer uma pergunta: o estuário do Tejo seria mais interessante, ou mais bonito, ou mais "estético" sem a Ponte 25 de Abril ?

Quando o Salazar decidiu a "Ponte sobre o Tejo" não existiam, é certo, estas mordomias de discordar e fazer escândalo nos jornais. Era calar e comer. Mas hoje alguém tem dúvidas sobre o impacto positivo da elegância e majestade da ponte sobre todos os que visitam Lisboa ?

A ponte 25 de Abril avista-se do Terreiro do Paço, do Castelo, da Torre de Belém, de quase todos os miradouros de Lisboa. Passa pela cabeça a alguém que a ponte constitui uma degradação da paisagem que prejudica o turismo ?

Os "velhos do Restelo" mudaram-se para o "mar da palha".

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4 comentários:

Jorge Nascimento Fernandes disse...

Oh Fernando! Não podia estar mais de acordo.
Penso que estou de volta ao comentário político.
Um abraço

F. Penim Redondo disse...

Ora até que enfim. Em boa hora regressas pois a tua falta fazia-se sentir. Um abraço.

Anónimo disse...

Não é muito diferente que a ponte ferroviaria vá para o Montijo ou Barreiro, embora me pareça que no Montijo ficaria muito melhor: mais perto, mais barato, não se ficava frente ao Castelo de São Jorge no "Mar da Palha" a tirar a vista da cidade sobre rio. Porém, a travessia rodoviária deveria ser feita preferencialmente na Trafaria-Algés: No Montijo existe uma que serve perfeitamente o aeroporto, Montijo e o Barreiro; o Ocidente de Lisboa não tem alternatica à 25 de Abril; a ponte rodoviária em Chelas vai "engarrafar" a 2.ª Circular e vias circundantes. O tempo se encarregará de dar razão aos defensores desta solução.
Zé da Burra o Alentejano

F. Penim Redondo disse...

Caro Zé da Burra, é caso para dizer "a ponte é uma miragem, para a outra margem..."

As pontes não "tiram a vista". Na verdade quer a "25 de Abril" quer a "Vasco da Gama" melhoraram muito a leitura das suas paisagens.

Quanto ao tráfego penso que a Ponte 25 de Abril não tem solução, por mais alternativas que façam continuará sempre engasgada. A procura aumentará sempre que a oferta aumentar.

Apesar de tudo a ponte no Barreiro ajudará mais a aliviar a 25 de Abril do que no Montijo.