terça-feira, fevereiro 08, 2011

Todos querem vender sem comprar




Quase a metade (exatamente 45%) das empresas industriais brasileiras que competem com empresas da China perdeu participação no mercado doméstico em 2010. É isso que mostra a Sondagem Especial China, divulgada nesta quinta-feira pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).
A pesquisa, realizada com 1.529 empresas entre 4 e 19 de outubro, informa que em quatro setores – produtos de metal, couros, calçados e têxteis – a queda na participação das vendas no mercado interno pela concorrência com produtos chineses atingiu mais da metade das indústrias (ver o texto completo).


A indústria brasileira de papel e celulose ameaça pedir sanções contra o papel importado da China, acusando o país de adotar subsídios à produção asiática que retira mercado das empresas domésticas.
“Não queremos cercear a importação, mas é preciso interromper o processo e encontrar uma solução imediata para reduzir o produto que vem com subsidio”, afirmou a presidente-executiva da Associação Brasileira da Celulose e Papel (Bracelpa), Elizabeth de Carvalhaes. Segundo dados da entidade, as importações de papel cresceram 40% em 2010, atingindo uma receita de US$ 1,4 bilhão (ver o texto completo).


O cônsul da China em são Paulo, Sun Rongmao, disse que o Brasil e a China devem manter parceria em suas relações comerciais, mas sugeriu que o Brasil deveria aprender com o país asiatico. “Em vez de tomar medidas muito restritivas contra os chinesas, poderia fazer alguns controles, como a China fez para o seu desenvolvimento”, disse Rongmao, após um encontro promovido pela Câmara Brasil-China de Desenvolvimento Econômico (CBCDE).
Entre as medidas que poderiam servir de exemplo, o cônsul diz que o governo chinês exige que empresas estrangeiras localizadas no país exportem pelo menos 30% de sua produção. Com isso, ele consegue proteger as empresas chinesas, na medida em que impede que multinacionais de outras regiões do mundo atendam toda a demanda do mercado local.
Tang e Sun rebatem críticas de empresários brasileiros, que estão pedindo ao governo medidas de restrição às importações chinesas. Para eles, as empresas brasileiras deixam de ser competitivas porque o País tem altos tributos e burocracias.
Tang afirma que as empresas chinesas recebem muitos incentivos do governo para crescer. Por isso conseguem vender a preços inferiores. Além disso, em geral, são maiores do que as brasileiras e têm ganhos de escala. Outro fator que favorece os chineses, segundo ele, é que toda a distribuição de empresas no território do país asiático foi planejada para facilitar a vida dos empresários. “Em muitas províncias foram construídas zonas econômicas que concentram produtores e fornecedores, o que acaba barateando custos logísticos, por exemplo”, diz Wei (ver o texto completo).


Estas são citações de três artigos que tratam da conturbada reacção dos empresários brasileiros ao comércio com a China.
O problema, quando se pensa em adoptar restrições, é que a China é o maior parceiro comercial brasileiro.
A China absorve 15% de tudo que o Brasil vende ao mundo.
Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior brasileiro, em 2010, "o Brasil vendeu ao mundo US$ 201 bilhões (R$ 335 bilhões), sendo US$ 31 bilhões (R$ 52 bilhões, ou 15,2%) para o país asiático".

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