segunda-feira, junho 14, 2010

Fábula para 2050




Foi em 2020 que a tendência começou a ser notada.
Algumas empresas, médias e grandes, com antigas tradições europeias, transferiram as suas sedes para a China. Em certos casos encerraram as operações na Europa.
Por volta de 2030 o processo tinha-se tornado comum e alastrara aos Estados Unidos.
Só cá ficaram os pequenos comércios, fabriquetas e oficinas sem capacidade económica para partir.

Instalou-se um sentimento de perplexidade, de perda, perante esta nova emigração.
Muitas destas grandes empresas que partiam já anteriormente não pagavam impostos nos seus países de origem mas enquanto tiveram empregados nesses países os Governos tinham, ao menos, podido taxá-los para acorrer aos enormes gastos sociais.
Os sindicatos mostravam uma certa desorientação, sem saber muito bem o que fazer sem capitalistas.

Comissões nomeadas pelas autoridades concluíram que as empresas tinham deixado de achar interessantes, ou seja rentáveis, as suas operações na Europa.
Os europeus, diziam eles, já não eram atractivos nem como trabalhadores assalariados nem como consumidores. Comparativamente pouco numerosos estavam de tal forma endividados que tornavam penosa a operação de os espremer para tirar algum sumo.

Foi nesse momento, depois de perderem definitivamente o alibi de acusar quem os explorava, que os europeus inventaram a nova forma de organizar a produção social que suplantou, em produtividade e humanismo, tudo o que o mundo até então conhecera.

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3 comentários:

Manuel Vilarinho Pires disse...

Vai sonhando, vai...

Vitor M. Trigo disse...

Há sonhos e peadelos.

F. Penim Redondo disse...

De vez em quando vem-me a veia ficcional