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Como já disse anteriormente, é uma cidade imensa (20 milhões) que atrai e repugna ao mesmo tempo. Tem um tumor nas costas, chamado pirâmides, que não pára de crescer ao ritmo de oito milhões de turistas por ano.
O Nilo dá-lhe o espaço necessário para respirar. Eu fiquei no Ramsés Hilton, junto à margem, de onde e à noite via os inúmeros barcos que brilham como carrocéis de feira enquanto passeiam pares de namorados.
Em nenhum lugar eu vi como no Cairo, em pleno centro, junto aos grandes hotéis e às torres de escritórios, tamanhos bairros decadentes e caóticos. O tráfego rodoviário é demencial e prolonga-se noite fora pelas grandes avenidas erguidas sobre pilares até à altura do segundo andar dos prédios.
Há também um toque do século dezanove com a sua arquitectura da Europa de então. Como se fossem restos de uma civilização desaparecida sob a balbúrdia de um novo quotidiano.
Os turistas confluem, como moscas, para o bazar Khan El-Khalili e para as incontáveis mesquitas. Eu, que não tinha muito tempo, pude apesar disso visitar com algum detalhe as mesquitas de al-Azhar e de Mohammed Ali (na Cidadela).
Fumei a sheesha no famoso café Fishavi's, numa ruela junto da mesquita al-Hussein e jantei no restaurante Khan El-Khalili onde se homenageia o prémio Nobel egípcio Naguib Mahfouz.
Como qualquer cidade caótica e exótica o Cairo é um encanto para os fotógrafos. Enquanto lutava contra a falta de luz no entardecer das vielas cheguei a ser alertado, com gestos convincentes, para o perigo mortal de fotografar mulheres em tais paragens.
Dei uma volta pelo antigo bairro copta do Cairo, que se anichava por trás de portas pesadas e que nos remete para os tempos de remotos cristianismos dissidentes.
Depois de tudo isto ficou-me a sensação de precisar de várias semanas para esquadrinhar uma cidade tão vasta e tão antiga. Mas o mundo é muito grande e não espera...
Ver aqui as imagens que recolhi no Cairo.
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1 comentário:
Excelentes fotografias, obrigada pela partilha
Catarina Lima
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