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O São Carlos apresenta, até 14 de junho, uma nova encenação da autoria de Maria Emília Correia para o D. Giovanni de Mozart. O facto de a encenadora ser mulher, tão seduzida pelo herói como as cantoras em palco, constitui um óbvio motivo de interesse.
Maria Emília trata Don Giovanni com a mesma galante condescencência com que tratara, no Trindade, o Conde de "As Bodas de Fígaro". Para desespero de uma parte dos frequentadores de São Carlos a cenografia repete também aqui, embora menos adequadamente, uma estética colorida e que invoca a actual sociedade das compras por catálogo.
O Don Giovanni podia muito bem ser um galã de shopping e as meninas em topless as caixeirinhas por ele desencaminhadas. Não se venha portanto dizer que o tratamento do tema não é actual embora se possa dizer que há uma desvalorização do lado filosófico e mítico da história.
O elenco tem um ponto fraco em D. Elvira (Katharina von Bülow) e uma boa surpresa em D. Ana (Carla Caramujo). Don Giovanni (Nicola Ulivieri) e Leporello (Kevin Short) estão bem mas não conseguem entusiasmar.
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