quarta-feira, dezembro 05, 2007

MAD MAX em Lisboa

.



Hirosuke Watanuki, 1963



Ontem tive que ir à Baixa e voltei para casa com uma depressão.

O Martim Moniz, onde agora se estão a construir mais uns mamarrachos para "habitação jovem" da EPUL, é uma autêntica plataforma logística globalizada. O parque subterrâneo fervilha de ford transits a abarrotar de mercadorias.
Jovens ciganas arrastam grandes sacos de plástico, grávidos de roupas acabadas de comprar aos súbditos indianos ou aos industriosos chineses.
Têm a certeza de que a Chinatown ainda não existe senão na mente da Zézinha ?

O café que funciona por baixo das colunas do Teatro D. Maria parece ter inaugurado uma nova moda: distribui mantas para os clientes suportarem o frio da esplanada. Ou será para não destoarem dos "sem-abrigo" enrolados no chão de pedra uns metros mais à frente ?

Na Praça de Figueira instalaram um autêntico saco de plástico gigante, qual ThunderDome do MAD MAX, que alberga uma pista de gelo com bancada e tudo.
Grupos de velhotes abrigam-se do vento frio. Jovens negros do Senegal ou do Mali aproveitam para ver, quem sabe se pela primeira vez, um grande bocado de gelo. Patinadores nem um.
Os patins vermelhos aguardam, em formatura, que alguém os venha alugar para dar uma voltinha. Isto é para quê ? para quem ?

De uma coisa tenho a certeza: somos todos culpados por termos deixado chegar o centro de Lisboa a este ponto. Não me venham com o déficit, nem com o Carmona, nem com os outros todos.
O problema somos nós.

Sem comentários: