sexta-feira, agosto 03, 2007

Carta Aberta a António Costa e Sá Fernandes


Deixem-me começar por saudar a vossa tomada de posse, no passado 1 de Agosto, e desejar-vos o maior sucesso a bem de Lisboa.

Tomo esta iniciativa como cidadão nascido em Lisboa e residente nela, ou nas cercanias, há 62 anos.

Fiquei muito surpreendido por verificar que os temas da corrupção e da gestão ruinosa da anterior vereação desapareceram dos vossos discursos. Também não consigo entender como é que Sá Fernandes vai “cuidar das buganvílias” em vez de se dedicar aos temas que o tornaram conhecido dos lisboetas.

Por favor não me venham dizer que o assunto está entregue às entidades competentes; por esse caminho ainda chegamos às eleições de 2009 sem conclusões ou, ainda pior, “em águas de bacalhau”.

As insinuações e acusações que foram feitas antes da queda do anterior executivo camarário e mesmo depois durante a campanha eleitoral, pela sua gravidade, obrigam-vos a estudar os documentos a que agora vos foi dado acesso, os processos de trabalho que agora dependem do vosso julgamento e os comportamentos administrativos que agora vos compete avaliar.

Seria muito mais coerente pôr Sá Fernandes a dirigir um “Grupo de Trabalho contra a Corrupção e a Gestão Ruinosa” que, no prazo de alguns meses, divulgasse os contornos de todas as operações ilegítimas ou reprováveis, os nomes dos autarcas nelas envolvidos e dos funcionários da Câmara coniventes ou cúmplices. E também as medidas recomendadas para evitar a repetição de casos semelhantes no futuro.

Sem prejuízo das responsabilidades judiciais, que são de outro âmbito, compete-vos atribuir e sancionar as responsabilidades políticas, administrativas e disciplinares.

Se o Presidente e o vereador da Câmara de Lisboa o não fizerem correrão o risco de ver os cidadãos concluir uma de duas coisas; ou que pactuam com os desmandos e as ilegalidades ou que, afinal, todas as denúncias não passavam de manobras politiqueiras.

Não se esqueçam dos 62 % de abstencionistas do dia 15 de Julho.
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1 comentário:

Luís Bonifácio disse...

"Existe uma enorme promiscuidade entre os delegados do ministério público e os autarcas"

Já não me lembro bem de quem é que disse isso, mas acho que o Costa estava bbem por perto!