sexta-feira, março 02, 2018

A campanha para "limpeza das matas"



A campanha para "limpeza das matas", 
feita nos moldes em que está a ser feita, tem como objectivo principal transferir a responsabilidade pelos fogos para os proprietários e para as autarquias.
Só assim se explica que, perante um problema gigantesco o governo esteja a omitir prioridades, a omitir o planeamento dos meios e a estabelecer prazos incumpríveis. 
A limpeza das bermas de estrada, só por si, é uma tarefa imensa. Mas devia ser a principal prioridade não só porque foi nas estradas que se verificaram mais vítimas mortais mas também porque a segurança das estradas é essencial para fazer chegar socorro aos locais das emergências.
Por isso este ano todos os meios deviam ter sido concentrados nesta prioridade, começando por fazer um levantamento das estradas onde o risco é maior e garantindo até ao verão elas fossem corrigidas. Tal permitiria ter neste verão a certeza de que nenhuma região de catástrofe ficaria isolada e inacessível aos meios de socorro.
Este objectivo, que parece limitado quando comparado com a "ambição" da campanha do ministro Cabrita, exigiria apesar de tudo uma focagem e um esforço enormes.
Não faz qualquer sentido lançar uma campanha a nível nacional quando se sabe que os grandes incêndios ocorrem nas grandes manchas florestais e à volta delas?
Vinte ou trinta árvores, mesmo que estejam perto das casas, não constituem um risco importante se estiverem rodeadas por quilómetros de campos lavrados. Ou seja, a simples proximidade das árvores não é um bom critério.

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