quinta-feira, julho 04, 2013

IRREVOGÁVEL




quando um tipo inteligente como o Paulo Portas faz coisas estranhas é muito divertido tentar perceber o que estará a tentar alcançar.
Numa primeira observação parece pacífico concluir que, demitindo-se, pode estar a tentar escapar à paternidade do enorme pacote de cortes para a "reforma do Estado" que, sabe-se lá porquê, em tempos assumiu.
Outra motivação fácilmente presumível é a de aumentar a influência sobre a distribuição dos dinheiros que vão estar disponíveis pelo QCA, de 2014 até 2020. A pasta da economia pode ser a via de acesso.
É óbvio que a jogada de Portas, que teve larga repercussão internacional, pode fazer muito mal a Portugal mas ele não é homem para se atrapalhar quando chegar o momento das explicações.
Ainda um dia o ouviremos dizer que certas benesses e flexibilidades, que se adivinham por parte dos nossos parceiros europeus, só foram possíveis como resultado do seu finca-pé.
Ele dirá também que esta crise serviu para mostrar aos portugueses as consequências gravíssimas que teria um hiato eleitoral do tipo daquele que A. J. Seguro não se cansa de propor.
Se conseguir repor o governo nos eixos durante o dia de hoje até se pode vir a gabar de que a coligação, renovada e refrescada, ficou em melhor forma para enfrentar a segunda parte do mandato.
É que aqueles que lançaram foguetes quando parecia que o governo estava condenado serão então os verdadeiros derrotados.
A impotência da oposição tornar-se-á evidente já que, depois de todas as acusações dos últimos dias, parecerá que o governo dispõe de total impunidade mesmo quando as suas acções estão ao nível do impensável.

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