quinta-feira, março 01, 2012

A Magia de Hugo

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Fui ver o filme de Scorcese ainda sob o efeito da enorme desilusão provocada por "O Artista", de que falei há dias.
Curiosamente os dois filmes têm muito em comum. Quanto a mim ambos tratam do tema da "obsolescência" dos artistas (em Hugo a acção decorre por entre relógios e autómatos). "O Artista" fala de um actor que não foi capaz de se adaptar ao advento do cinema sonoro e Hugo fala de um artista, Méliès, que vê nascer depois da guerra um mundo novo ao qual o seu cinema já não se adequa.
Mas enquanto que no primeiro todo o filme gira à volta do drama pessoal, no segundo é a obra de Méliès, ou o que dela possa restar, o que mais importa. No primeiro caso o fim feliz concretiza-se quando o actor desempregado arranja trabalho, no segundo o "happy end" advém do reconhecimento da genialidade de uma obra mesmo que datada no plano estilístico.
Onde a diferença é enorme é na criatividade e riqueza de referências. Eu bocejei durante o filme francês mas não sosseguei durante a história do Hugo, inesperada, facetada e profunda.
Curiosamente até a intervenção canina é muito relevante em ambos os filmes.
Por tudo o que ficou dito não compreendo como é que o Oscar para o melhor filme e para o melhor realizador pode ter sido dado a "O Artista" em detrimento de Hugo.

"A Invenção de Hugo" é um tratado sobre o cinema como uma modalidade da magia. Não por acaso Méliès tinha sido ilusionista antes de ser cineasta.

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