Tenho chamado a atenção dos interessados para a necessidade de compreender as razões estruturais do desemprego e a sua relação com a revolução tecnológica e com a fase actual (final?) do capitalismo. Claro que é mais fácil culpar o Santana.
O que o artigo do DN que segue prova é que, mesmo sem Santana, há países com o potencial industrial da Alemanha que têm taxas de desemprego muito maiores do que Portugal. Quase poderíamos dizer que a taxa portuguesa revela atraso na reconversão da economia (agora todos elogiam a economia espanhola mas esquecem que durante vários anos a Espanha teve cerca de 20% de desemprego.)
Infelizmente, também neste caso, os nossos amigos da esquerda preferem continuar a recitar os seus "chavões"...
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Desemprego na Alemanha a níveis "catastróficos"
"Um dia catastrófico para a Alemanha." Foi desta maneira que o vice--presidente da União Cristã-Democrática (CDU, oposição), Ronald Profalla, classificou ontem o anunciado aumento do desemprego. O número de alemães sem trabalho, de acordo com os dados da Agência Federal do Emprego, atingiu 5,22 milhões em Fevereiro, mais 180 mil que no mês anterior e um novo recorde desde a II Guerra Mundial.
A taxa de desemprego na Alemanha não pára de aumentar desde Setembro, quando ainda se mantinha abaixo da fasquia dos 10%, um indicador que sugere a manutenção da crise naquela que é a maior economia da Europa. Em Fevereiro, a taxa avançou para os 12,6%, mais 0,5% do que em Janeiro. O ministro da Economia Wolfgang Clement, "sem fazer promessas ", espera uma descida destes valores em Março.
Frank-Jürgen-Weise, o presidente da Agência Federal do Emprego, deu como explicações para a escalada do desemprego a mudança do sistema de medição do número de desempregados, que entrou em vigor com a reforma laboral de Janeiro. O sistema passou a considerar desempregadas as pessoas que recebem apoios sociais e que têm condições para trabalhar. Apesar de ter considerado estes valores "depressivos", o chanceler alemão Gerhard Schroeder frisou que a reforma laboral que está a ser levada a cabo pelo governo é a correcta. O actual momento vivido pela economia alemã foram outros motivos apontados para a crise.
Quinze anos depois da reunificação alemã, as estatísticas mostraram ainda a brecha entre o oeste do país, com uma taxa de 10,4%, e a ex-República Democrática Alemã, onde a taxa de desemprego atingiu os 20,7%. Ronald Profalla considerou que estes números são uma prova do fracasso do governo, o responsável pela crise laboral.
Em Portugal, recorde-se, o desemprego alcançou os 7,1% no último trimestre de 2004, abaixo da média da União Europeia (8,9%), segundo o INE. Mas a crise está a afectar toda a Europa, não poupando o Reino Unido, com uma taxa de 4,7%, ou a França, que em Janeiro passou os 10%.
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