sexta-feira, dezembro 14, 2012

Irresponsabilidade, doença infantil da cidadania



Irresponsabilidade, doença infantil da cidadania

Folheia-se os jornais, assiste-se aos telejornais, e fica-se com uma sensação estranhíssima. Notícias e comentários, com raras excepções, inserem-se descaradamente numa narrativa inverosímil; 

- os dirigentes europeus são todos uma cambada de nabos que levam o continente para o abismo sem atender à clarividência dos nossos comentadores e académicos. Felizmente vai haver eleições em Setembro, na Alemanha, e talvez tudo se resolva então.

- os sacrifícios que desabaram sobre os portugueses são manifestações do sadismo ou, pelo menos, da "agenda ideológica" dos actuais governantes e tudo se resolveria se nos livrássemos de tal gente, com ou sem eleições.

Como nos vemos a nós próprios como meras vítimas de culpas alheias consideramos uma perda de tempo discutir o que deve ser feito para, nas condições concretas em que o país se encontra, e assumindo que sacrifícios são inevitáveis, ultrapassar as dificuldades actuais.
Faz-se mas é uma manifestação de protesto.
Os jornais e as televisões usam quase todo o seu espaço na descrição das limitações, sofrimentos e mazelas sociais que conseguem inventariar, repetindo tantas vezes quantas as necessárias para que não possam escapar à nossa atenção.

O futuro do país, e o futuro dos portugueses, pouco parece interessar quando o exercício diário é pintar um quadro tão negro quanto possível numa lógica partidária míope e irresponsável.





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