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AO CUIDADO DE ARMÉNIO CARLOS
e das suas tão fluentes certezas
Estes dados publicados pelo Expresso no dia 17 de Novembro são aterradores para quem dedicou alguns anos de vida ao sindicalismo.
É raro serem mencionados e ainda mais raro serem discutidos e analisados.
Esta hecatombe do sindicalismo português deve-se aos muitos erros cometido, o maior dos quais foi a partidarização do trabalho sindical bem patente na cisão que deu origem à CGTP e à UGT.
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12 comentários:
Não sei se a meia verdade não será pior que a mentira...
Desligar a chamada "hecatombe" do sindicalismo da hecatombe do aparelho produtivo é um artificio que tem oficio. O Expresso teria outras responsabilidades mas fica-se (como tu) pelas meias verdades...
É claro que as derrocadas das chamadas "cinturas industriais" e a transfiguração da economia produtiva em economia de serviços não deve ser chamada ao caso...
Por outro lado a pulverização das médias empresas em micro organizações onde os trabalhadores são também patrões é uma estrutura económica saudável e sustentável, para além de dispensarem (claro) o trabalhador sindicalizado...
Sabes por acaso o que se passa com as centrais sindicais em... Espanha?
http://www.ccoo.es/csccoo/menu.do
http://www.ugt.es/index1.html
Não há qualquer dúvida sobre as enormes tranformações que mencionas. O que é deplorável é que o movimento sindical não tenha sabido, ou querido, responder-lhes de forma adequada.
Fiz sindicalismo durante 20 anos na IBM que, como sabes, não se situava na cintura industrial.
Hoje nas empresas equivalentes não passa pela cabeça a (quase) ninguém inscrever-se num sindicato. Por que será? Também estive dois mandatos na Direcção do Sindicato do Comércio e fartei-me de dizer que precisávamos de estancar a perda de influência.
Ao fim destes anos todos a Intersindical tem no seu topo uma pessoa como o Arménio Carlos. Não é preciso explicar mais nada.
Omiti (e tu também) que um instrumento fabuloso para acabar com essa raça dos sindicalistas foram duas medidas fabulásticas
- a subcontratação de mão-de-obra
- a "contratação" a recibo verde
E quanto à IBM, ela engoliu a minha PWC Consulting, já emagrecida e depois despedir o resto... adivinha quem foram os primeiros a serem corridos?
Não discuto pessoas! A ti parecem-te más, a outros parecem-lhes boas!
Perdoará, Fernando, mas que post tão simplista, como o Rogério, em breve, já iluminou.
E fico-me pela observação de que não conheço a cisão de coisa alguma que tenha dado origem à CGTP e a à UGT. Só conheço a criação da UGT após a existência há 5 ou 6 anos da CGTP.
Que lapso seu tão inquietante.
Caro Vitor,
claro que eu podia explicar muito melhor, e extensamente, o tipo de erros que observei durante muitos anos.
Acho que a minha opinião era ouvida mas subestimada já eu, no fundo, para certo tipo de pessoas, era demasiado be pago para poder ser consequente.
Digamos que nas condições em que eu fui sindicalista, conhecido como comunista num ambiente onde a esmagadora maioria era de direita ou do PS, só se consegue funcionar num rigoroso respeito pelas pessoas que representamos e por aquilo que elas são (mesmo que não nos agrade).
É por não se respeitar esse princípio que se perdeu (irremediávelmente?) a influência numa sociedade cada vez mais baseada em serviços e tecnologia.
Quanto à UGT/CGTP a cisão foi nos trabalhadores e não nas organizações.
Fernando, ainda bem que a Inter tem no seu topo uma pessoa como o Arménio Carlos. Ter no topo da Inter uma pessoa que fosse o oposto dele, isso sim seria inquietante. Penso que não é preciso explicar mais nada:
Mudaste !, é um direito teu !
PS: O teu comentário, a meu ver, sugere que te colocas fora dos amigos da INTER...
Já te perguntaste porque é que a direita, o capital financeiro, as grandes distribuidoras, não apreciam o Arménio ?
JPedro
JPedro, o problema não é se eu não mudei.
O problema é a Inter não ter mudado.
Quanto mais o tempo passa mais se agravam certos defeitos que eu já criticava quando era dirigente sindical.
Quem é que te disse que a direita, o capital financeiro, as grandes distribuidoras, não apreciam o Arménio ?
Penim,
Com o risco de simplificar, mas indo ao essencial, a UGT foi parida no mesmo sitio do programa da troika, na Alemanha.
Como te deves recordar, a direcção, PS/MRPP (1975 a 77), do nosso Sindicato, hoje parte do CESP, decidiu às ordens do Gonelha (o então Gaspar dos alemães para o movimento sindical português), e sem dar cavaco aos associados, aderir à então Carta Aberta, mais tarde UGT.
Quando em 1977 perderam as eleições, a única coisa que havia no sindicato relacionada com a Carta Aberta eram contas de deslocação, alojamento e alimentação dos elementos da direcção a reuniões da CA.
Nenhum documento aprovado, nenhum relato de reuniões das reuniões em que participavam, nenhuma decisão no livro de actas da Direcção, nada, nadinha.
Tudo o que fizeram durante aqueles dois anos foi, embora às custas, foi nas costas dos trabalhadores.
A refiliação do Sindicato do Comércio e Serviços de Lisboa na CGTP teve lugar (salvo erro em 1979) por decisão dos trabalhadores, em Assembleias Gerais descentralizadas realizadas em vários locais do distrito e em diversas empresas do sector.
Eh pá, oh Brissos não venhas ensinar aquilo que eu estou faro de saber.
A questão não é essa.
A verdade é que esse partidarismo que tu bem descreves, e outros partidarismos vários, dividiram os trabalhadores e desmotivaram a adesão aos sindicatos.
Porra, se vocês acham que não houve erros nenhuns e estão felizes com os resultados, vão à vossa vida.
Não se preocupem.
Caro, meu caro
A questão não é se houve erros ou não... comecei por o admitir quando comecei por comentar que uma meia verdade acaba por ser pior que uma mentira...
A verdade completa é o que eu disse, o que o Vitor veio dizer, o que o JPedro acrescentou e os detalhes que o Brissos veio trazer... e o que ainda falta dizer...
Mas sobre isso, vou eu escrever... com link para aqui... claro!
Já está!
Penim,
Claro que sabes, mas pareceu-me que ao escreveres que "Quanto à UGT/CGTP a cisão foi nos trabalhadores", já estivesses esquecido.
Mas embora o comentário te seja dirigido, escrevi-o sobretudo a pensar em eventuais leitores que não viveram esses tempos.
Quantos aos erros do MSU, certamente que os houve e continuará a haver.
Mas, se bem percebo, a nossa divergência, não é que o MSU não tenha cometidos erros. O que não considero é que isso seja a principal razão das dificuldades a que chamas hecatombe.
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