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Muitas discussões actuais
estão contaminadas por uma concepção mítica do Estado, como
grande fautor de justiça social e garante do interesse colectivo.
Este Estado utópico não existe e nunca existirá.
Em vez disso, o que existe
num estado democrático é uma rotatividade do pessoal dirigente
sucedendo-se as mais variadas concepções sobre a melhor forma de
prosseguir o bem comum. Por seu lado o funcionalismo, que executa um
número cada vez maior de incumbências do Estado, é apenas um
enorme grupo de pessoas com as suas qualidades e defeitos, abnegações
e vícios.
Portanto, em cada momento,
o Estado e as suas instituições não têm nada de transcendente.
São simplesmente um grande colectivo de pessoas concretas que têm
poderes e competências concretas.
Quando se exige, por
exemplo, a existência de um “serviço público de televisão” na
esfera do Estado, e para isso se invectiva o ministro Relvas, é bom
não esquecer que o Estado é o Relvas e todos os outros Relvas que
por lá andam.
O Estado já não é só o
que a teoria de esquerda tradicional dizia: a institucionalização
da exploração e a forma “civilizada” de a perpetuar. Agora, em
concorrência com os grandes poderes económicos, sentam-se à mesa
do Estado corporações e federações de interesses com capacidade
para condicionar os resultados eleitorais.
Presos nesta teia, os que
ainda se reclamam do marxismo, em vez de se proporem destruir o
Estado para abrir caminho a uma nova sociedade, limitam-se a
parasitar a influência de certas castas burocráticas e a defender a
extensão, até ao absurdo, do papel do Estado na sociedade.
Nesta conformidade cada
grupo propõe o emagrecimento do Estado onde lhe convém (impostos,
burocracia, controle policial, etc) e o engordamento do mesmo Estado
quando disso pode beneficiar (empregos, subsídios, investimentos,
etc).
O Estado não é, ao
contrário do que diz a lenda, uma entidade superior, depositária
dos valores e visionária dos caminhos, em que os cidadãos todos se
fundem e confiam. É antes a alavanca que cada grupo e capelinha
procura usar para alcançar o próprio proveito (material ou ideológico).
1 comentário:
Como tomarense e homem de esquerda tenho dado um combate sem tréguas ao chanceler Relvas e a tudo o que ele representa.
Se quiserem conhecer dimensões menos conhecidas do figurão, passem pelo meu blogue "TOMAR-que futuro?"
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