quinta-feira, maio 10, 2012

Dispersão perigosa


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Na Grécia votaram cerca de 61.5% (a abstenção foi 38.5%) dos eleitores potenciais e o maior partido teve cerca de19% dos votos. Isto significa que o maior partido foi escolhido por menos de 12 dos gregos com direito a votar.
A tão incensada subida da esquerda, que obteve cerca de 17% dos votos corresponde, pela mesma ordem de ideias, a pouco mais de 10% dos cidadãos eleitores.
Os nove partidos mais votados nas eleições gregas foram votados por apenas 53% dos eleitores. Se isto não é disparate pegado, e uma irresponsabilidade, então não sei o que seja.
Claro que cá também temos o problema da abstenção e do seu efeito na representatividade, mas a questão não se coloca de forma tão dramática pois os vencedores nunca têm menos de 20% dos votos expressos. Para mim o essencial é a incrível dispersão dos votos, como se aquela gente estivesse num processo centrífugo que me parece assustador.
Ao contrário de alguma esquerda, que deita foguetes, eu acho que estes resultados na Grécia têm um grande potencial destruidor e de prólogo às aventuras ditatoriais.
Quando o direito de escolher e a liberdade de divergir se convertem, pelo menos aparentemente, num risco para a vida colectiva aparece logo alguém a defender que se acabe com esse direito e se limite essa liberdade.
Como a história mostra, tal tipo de teses, especialmente quando as pessoas sofrem dificuldades económicas, pode obter um sucesso fulminante.



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