quarta-feira, dezembro 30, 2009

Demérito

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Em toda esta trapalhada dos professores o mais grave nem é o oportunismo dos partidos que cedem em toda a linha à chantagem corporativa (até na AR o grupo profissional mais numeroso é o dos professores). Nem mesmo as consequências financeiras de tais cedências.

O mais grave é que, com estes professores, teremos várias gerações educadas na ilusão de que o Orçamento de Estado é um poço sem fundo e que a igualdade se obtém protegendo a incompetência.

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6 comentários:

Aristes disse...

Mas acha que ao Governo interessa o mérito ou o demérito? O que está aqui em causa é o deficit, ou seja o que o Governo quer mesmo é cortar nas despesas da Educação, e o mais fácil é cortar nos ordenados.

Com divisão da carreira em duas categorias ou com escalões há sempre professores que mesmo com o mérito comprovado ficam de fora. É esta a igualdade que defende?

E tem toda razão, o Orçamento do Estado não é um poço sem fundo, por isso devemos estabelecer prioridades. Para mim são por exemplo a Educação, a Saúde a Segurança Social. E que se lixem os submarinos, os assessores, os carros de alta cilindrada, os militares no Afeganistão e no Iraque, o SIS, as Fundações, ser dos países da Europa com mais auto estradas, etc. etc.

Quem não tem dinheiro não tem vícios. Não cortem é no "pão para a boca" para andarem a portar-se como ricos.

E quanto ao grande argumento do grupo mais numeroso da AR ser professores, preferia que fossem banqueiros? Ou advogados ao serviço dos Belmiros e companhia?

E sinceramente já estou farto da conversa de que as corporações é quem trabalha.

Será que defende que só quem deve ter voz é o poder económico?

E que a única forma de intervenção na vida pública que resta aos cidadãos é o voto de 4 em 4 anos. Que porra de Democracia é essa que está implícita em postes como estes?

Anónimo disse...

Como os nossos olhos podem estar um pouco obscurecidos pela poeira que anda no ar, convém vermo as coisas em perspectiva.
Se olharmos para as "grandes lutas" em que se têm empenhado os professores nos últimos 20 anos veremos o seguinte:
• 1988 e 1989 - contestam o Estatuto da Carreira Docente e recusam passar a receber menos do que os técnicos superiores da função publica
• 1990 - contestam a prova de acesso ao 8º escalão, ultimo grau da carreira docente
• 1998 - exigem a redução da carreira docente para 25 anos
• 2000 - ocupam centros de emprego e manifestam-se contra o facto de haver muitos professores sem colocação
• 2005 - contestam o congelamento das progressões automáticas e o aumento da idade de reforma; fazem 4 dias de greve aos exames nacionais do 9º e 12º anos
• 2006 – contestam a revisão do Estatuto da Carreira Docente e a proposta de avaliação dos professores

Como podemos constatar, nunca a classe se moveu pela eficácia do sistema de ensino, a qualidade pedagógica, os conteúdos programáticos, a segurança ou quaisquer outras das muitas questões que se prendem com o baixo nível de desempenho da maior parte das nossas escolas.
O que esteve e continua sempre a estar em causa é a defesa do estatuto e da carreira profissional, da garantia de emprego e progressão.
Todos os argumentos são bons para defender a paz podre do “status quo”: todos bons, todos iguais.

Mesmo que não seja isso o que conscientemente pensam muitos professores, a atitude da classe é a de quem considera que o objectivo primeiro do sistema de ensino é garantir-lhes emprego.
Essa é uma das características que define uma corporação.

Anónimo disse...

De facto não esperava ler opinião tão simplista e reaccionária neste espaço como esta. Não me vou alongar porques "Aristes" disse a maioria das coisas que eu também diria. Mas já agora, é aos professores que cabem as funções de definir os planos curriculares, conteudos etc ... do sistema de ensino? Nem a sua propria formação lhe cabe no essencial!? E será que a nossa despesa em educação é assim desmesurada? Olhem o relatorio da OCDE - Education at a glance 2009, de Setembro, tem lá todos os numeros de todos os paises! Leiam-no antes de dizerem tolices!
E ainda que mal pergunte, a quem cabe numa sociedade de classes como a nossa a defesa dos salários dos trabalhadores por conta de outrem? Se não é aos sindicatos a quem será?
Ho! amigos, sobre mérito olhem para quem mais o invoca e pensem !... Cabe alguma autoridade a quem prosseguiu aquele trajecto académico?
E dispensemo-nos de uma discussão séria sobre meritrocacia!

Um abraço,

Nuno

Anónimo disse...

Reaccionário é defender os privilégios das corporações, pagos por todos nós, enquanto os verdadeiros trabalhadores por conta de outrém (os que têm um patrão capitalista) "passam as passas do Algarve"

Anónimo disse...

Diz Nuno:
"Mas já agora, é aos professores que cabem as funções de definir os planos curriculares, conteudos etc ... do sistema de ensino? Nem a sua propria formação lhe cabe no essencial!?"

Bom, pelos vistos o que lhes cabe no essencial é decidir se hão-de ou não ser avaliados, como é que a sua carreira evolui assegurando que todos chegam ao topo (tipo um exército onde todos chegam a marechal) e quanto é que dos impostos dos cidadãos que pagam impostos deve sair para os seus ordenados. Certo?
Rosa Redondo

Anónimo disse...

Carissima Rosa Redondo,
Onde é que viu que os professores e os sindicatos defendem que todos cheguem ao topo? Ontem nem a Ministra disse isso embora tivesse mentido sobre outras coisas. Os Sindicatos defendem que possam chegar ao topo todos os professores que ao fim de 34 anos sejam sempre avaliados com Bom. É dificil de perceber isto?
Bom é uma classificação de entre Insatisfaz, Regular, Bom, Muito Bom e Excelente. Defendem ainda como estimulo que os Muito Bom e Excelente tenham uma progressão acelerada e os de Insatisfaz e Regular tenham uma progressão retardada. Este procedimento de aferir as classificações por uma distribuição estatistica nem é nova. Alguns professores, geralmente os mais cuidadosos, praticam-na.
Isto é absolutamente diferente do que afirmou.
Finalmente gostava de lhe lembrar que os professores não são quem decide se são avaliados mas devem e têm o direito de pronunciar-se sobre a avaliação. E mais, devem lutar pela sua qualidade, justiça, equilibrio e equidade. E é o que têm feito.
Amiga, e se assim não tivesse sido o que hoje tinhamos era de facto uma trapalhada que não merecia o nome de avaliação.


Um abraço,
Nuno