Professora de música quase candidata
"MANUELA Magno, professora da Universidade de Évora que anunciou a sua candidatura às presidenciais em 29 de Fevereiro de 2004, já conseguiu reunir mais de 4500 proponentes dos 7500 que a lei impõe como mínimo para poder concorrer àquele acto eleitoral.
O seu propósito nunca foi tomado a sério nos meios políticos mas a verdade é que Manuela Magno já tem sede de campanha em Lisboa e conta encerrar a lista de apoios até ao final deste mês de Setembro.
Segundo a própria, trata-se de «uma candidatura independente dos partidos políticos e dos grupos económico-financeiros que faz todo o sentido enquanto projecto colectivo de cidadania». Tem 52 anos e nasceu em Lisboa, onde se manteve até 1978, altura em que se licenciou em Física Nuclear na Faculdade de Ciências. Mas a sua grande paixão era a música, pelo que foi para Nova Iorque, onde se matriculou na Universidade de Columbia. Nos oito anos que lá permaneceu, licenciou-se, tirou o mestrado e doutorou-se em Música, com especialização em Direcção de Orquestra.
No regresso a Portugal, ensinou na Universidade de Aveiro. Há nove anos que mora no concelho de Arraiolos, no distrito de Évora. Na Universidade local, é professora auxiliar no Departamento de Artes (Secção de Música), preside ao Conselho Pedagógico e pertence ao Senado da instituição. As causas cívicas e sociais sempre a mobilizaram. Por isso, é membro de diversas organizações não-governamentais como a AMI (Assistência Médica Internacional), a Amnistia Internacional, a Associação 25 de Abril, a Deco e a Quercus.
Nunca pertenceu a qualquer partido e só despertou para a política há dois anos, em circunstâncias peculiares: «Quando fiz 50 anos, a prenda que ofereci a mim própria foi uma Constituição comentada e anotada, que estudei a fundo. Da sua leitura, concluí que o Presidente da República, eleito, como é, com o patrocínio partidário, não pode ser isento e muito menos garante da estabilidade».
Manuela Magno começou então a pensar numa pessoa independente que pudesse candidatar-se apenas com o apoio dos cidadãos. E resolveu que essa pessoa seria ela própria. Comunicada a intenção a vários amigos, estes incentivaram-na a avançar. O mais conhecido dos seus proponentes - espalhados pelo continente e ilhas e pelas comunidades portuguesas de Amsterdão, Toronto e Newark - é o filósofo José Gil."
Expresso, 3 Agosto 2005
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Tiro o meu chapéu pela coragem da iniciativa e comecei a investigar para ver se posso sucumbir à tentação de apoiar, contra os partidos, uma pessoa "normal" para a Presidência.
Site da Manuela Magno
Blog da Manuela Magno
5 comentários:
É uma boa ideia, uma boa perspectiva para mudança, só que os votantes preferem a alternância cíclica das mesmas caras e dos mesmos discursos. É pena acreditem!
Meus caros,
neste momento a única coisa importante é assegurar a uma cidadã o direito e se candidatar, contra as candidaturas de secretários e ex-secretários gerais partidários.
Assim, convido-os a assinarem os documentos necessários para que a senhora possa ser candidata.
Quanto ao voto depois logo se vê.
Que a senhora tenha um curso de Direcção de Orquestra parece-me interessante - talvez ajudasse a pôr violinos e pianos a seguirem a mesma partitura.
Que só tenha despertado para a política aos 48 anos, talvez seja pior. E ter começado por comprar e ler um livro (mesmo a Constituição), lembra-me um amigo meu que também comprou um livro, neste caso para aprender a nadar, e que ia morrendo afogado.
De teóricos e de boas vontades está Portugal cheio!
Seja como fôr o "desplante" merece ser apoiado.
O regime precisa que haja uma candidatura assim, para mostrar que ainda não morreu...
Cá por mim até que vou procurar apoiar a senhora a conseguir formalizar a sua candidatura.
Depois logo se vê...
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