Não é daquela que atravessa o livro de André Kedros mas de uma outra nave que se trata.
Na semana passada fui a Bilbao, ao Guggenheim. Vale a pena!
Estava disponível uma exposição sobre o Império Azteca, além da colecção permanente de arte moderna.
Não sou muito fã da pintura moderna abstracta, pelo menos do tipo da que lá está. Quanto à exposição azteca, com peças interessantíssimas vindas de vários museus e colecções, estava tão bem apresentada quanto mal explicada (ainda está fresca a impressão dos 7.000 anos de Arte Persa apresentada na Gulbenkian, por isso a bitola está alta!).
Mas o que é de facto único é o Museu. Dizem que o desenharam assim para valorizar o que lá tiver dentro. Pois eu digo que é ele a verdadeira exposição permanente e mereceria a visita mesmo que estivesse vazio! Para ter a experiência sensorial de estar dentro de qualquer coisa que invoca e combina os espectros de um gigantesco dinossáurio, da baleia de Jonas (feita de vidro), da Passarola e do Spaceship Enterprise. Ah! E também do Nautilus, já que lá dentro tive o privilégio de ver desabar sobre mim um dilúvio e uma trovoada dignos da Tempestá di mare do Vivaldi (esta comparação é para manter o elevado nível cultural da conversa, ah! ah!)...
Bom, primeiro foram as coisas boas; agora vêm as más.
A aproximação ao museu foi uma desilusão. O Guggenheim está numa zona da cidade que é como que um recôncavo rodeado pelas silhuetas dos montes.
Ainda para mais tem quase em toda a volta e até muito perto, prédios naquela sólida, escura e grande arquitectura das cidades bascas que dificultam muito a obtenção de uma visão de conjunto. Visão de conjunto essa que também é quase sempre obscurecida pelo fundo de construções que se perfilam nas encostas.
Acho que o edifício (que é tão espectacular por fora como por dentro) merecia um melhor tratamento paisagístico. Por mim imaginava-o no alto de um daqueles montes, de velas desfraldadas! Mas a realidade é outra: o navio de Frank Gehry está definitivamente no meio da cidade.
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