segunda-feira, fevereiro 26, 2007
Sabem o que é isto ?
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quarta-feira, fevereiro 21, 2007
Um carnaval sem samba
Ontem passei a tarde em Lazarim, no concelho de Lamego, onde o carnaval ainda não foi "infectado" pelo samba. O pessoal mistura-se com as máscaras esculpidas em madeira
e depois acaba tudo à volta das panelas do feijão.
O prato forte durante a tarde de terça-feira são os testamentos dos compadres e das comadres que consistem, no essencial, em "rebentar as broncas" aos jovens da terra.
Aqui vão alguns exemplos das quadras lidas no largo da aldeia perante os foliões:
Quando tocares no apito
Não o mostres a ninguém
Apenas à namorada
Para ela o tocar também
Não sei que raio vos deu
Parece que é comichão
Passais a vida a coçar
O instrumento com a mão.
Sois todos uns paneleiros
Que não valem 2 vinténs
Ninguém quer de vós saber
Até vos mijam os cães.
[excerto do Testamento do Compadre de 2000]
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terça-feira, fevereiro 20, 2007
Ainda o Mapa do Referendo
Confirmando aquilo que tinha dito, a maioria dos comentadores da direita e, muita vezes, alguns dos adeptos do sim, tentaram retirar a Igreja Católica da lista dos derrotados do Referendo e negam que haja qualquer relação entre a sua influência e a distribuição dos não. Valha-nos o inefável César das Neves que escreve um artigo sobre A enorme derrota da Igreja (Diário de Notícias, 19/02/07).
Mas voltemos ao mapa dos resultados eleitorais. O Público (18/02/07) afirma em título que O voto católico não existiu no referendo sobre o aborto, depois, utilizando aquela sopa muito do agrado dos jornalistas, vai amontoando opiniões de estudiosos que, espremidas, levam à conclusão do título. Assim, temos algumas sentenças que são do senso comum: “a repartição faz sentido se o factor religiosos não for isolado” (Alfredo Teixeira) ou “a influência religiosa é mais determinante no sentido do voto do que (o eleitor) ser da zona rural ou urbana” (José Barreto) ou que resultam da superioridade intelectual de quem já tem outro nível de conhecimento: “teríamos ainda um certo paternalismo das elites intelectuais anticlericais” (Helena Vilaça).
Mas este é o fait divers das pequenas almas, falta-nos as opiniões dos grandes comentadores. Rui Ramos, esse pequeno provocador da direita, tem no Público (14/02/07) esta prosa bem informada: “as esquerdas em Portugal acreditaram sempre que a “modernidade” consistia numa simples versão laicista da homogeneidade católica, todos um dia seriam “homens de esquerda” (inclusive as mulheres). Foi o que aprenderam com Auguste Comte. O progresso iria consistir no triunfo total do secularismo socialista... Foi assim que Afonso Costa, em 1910, se convenceu de que poderia acabar com o catolicismo em “duas gerações”. O que aconteceu a seguir é conhecido. Mas, pelos vistos, houve quem não tivesse aprendido nada. As esquerdas portuguesas dão-nos as boas-vindas ao século XXI com as ideias do século XIX”.
Constança Cunha e Sá, sem a erudiçãozinha de Rui Ramos, pois não é Historiadora, afirma igualmente no Público (15/02/07): “Embora a esquerda, com o seu incurável optimismo, se refugie mais uma vez, no improvável progresso da história para saudar efusivamente a entrada de Portugal no século XXI, só muito dificilmente o mapa eleitoral deste fim-de-semana se presta a este tipo de simplificações. Nem o distrito de Braga, onde ganhou o “não”, se pode tomar como um exemplo de “arcaísmo” e de “ruralidade”, nem o Alentejo, pobre e desertificado, preenche os requisitos mínimos que se exigem à “modernidade”.”
Em primeiro lugar, assinalar a irritação que o cartaz do Bloco de Esquerda provocou nas hostes da direita. O Bem-vindo ao Século XXI pô-los possessos.
Em segundo, alguns comentários de fundo. Como demonstra André Freire (Público, 19/02/07) existe uma correlação claramente positiva entre as zonas onde se verifica maior prática religiosa e o voto do não. Por isso, não faz sentido negar que o não não venceu em zonas de maior influência Católica. Olhando para o mapa da votação por conselhos publicado no Público (12/02/07), verifica-se que a vitória do não ocorreu na totalidade dos distritos de Braga, Bragança, Vila Real e nas duas Regiões Autónomas. Na maioria dos concelhos de Viana do Castelo, Viseu, Aveiro e Guarda, nestes dois últimos com a excepção notória das capitais de distrito, e ainda na Zona do Pinhal, localizada no Centro do país e que abrange concelhos dos distritos de Castelo Branco (Sertã, Vila do Rei, Proença-a-Nova), Santarém (Ferreira do Zêzere) e Leiria (Ansião, Alvaiázere, Figueiró dos Vinhos). O concelho de Ourém (distrito de Leiria), onde se localiza Fátima, está incluído nesta mancha central. Tudo o mais são vitórias do sim. Só por grande má-fé se pode negar que esta distribuição não corresponde ao voto Católico. É evidente que, como também nota André Freire, há uma correlação positiva, em relação ao voto do não, entre as votações para o Referendo e para a Assembleia da República (2005) do PP-CDS e do PSD, mais deste último do que do primeiro. Por isso, é uma verdade de La Palisse dizer que o factor religioso não está isolado. No post anterior interrelacionei a componente religiosa e política. Lembraria igualmente que a conspiração contra as forças revolucionárias no pós 25 de Abril teve um dos seus esteios na Sé de Braga, na figura do Cónego Melo.
Há depois a questão do voto rural e urbano e aqui uma das citações a que recorri, chega à brilhante conclusão de que o sentido do voto é mais religioso do que a resultante da dicotomia urbana rural. É o que tenho vindo a dizer. Mas este tema serve a Constança Cunha e Sá para falar da moderna Braga que vota não e do Alentejo rural que vota sim, pondo assim em causa a classificação do Norte como arcaica e do Sul como moderna. No entanto, se compararmos as diferenças entre o não e o sim na cidade de Braga e em conselhos rurais desse distrito verifica-se que nestes últimos a diferença é muito maior, a favor do não. Mesmo no Norte não é indiferente estar em cidades médias ou no campo (veja-se os casos já citados de Aveiro e Guarda). A Igreja Católica tem muito mais influência neste meio do que naquele.
Por outro lado, Constança Cunha e Sá simplifica e pretende fazer graça com os alentejanos a votarem na modernidade e os trabalhadores de Braga a votarem no arcaísmo. Esquece, no entanto, que o que esteve em causa foi a oposição entre a laicidade e a liberdade individual de cada um, que são conceitos das Luzes, da Revolução Francesa, da modernidade civilizacional europeia, e a obrigatoriedade de forçar a sociedade a cumprir as leis impostas pela moral da Igreja, no fundo semelhante à imposição das regras do Corão às sociedades muçulmanas. Neste caso os pobres alentejanos estão com a modernidade e algumas das trutas da medicina estão os com os valores conservadores e retrógrados. Venceu o progresso e é isso que a direita não admite e tudo tem feito para minimizar esta sua derrota.
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segunda-feira, fevereiro 19, 2007
O Ano (chinês) do Porco
Assistimos ontem, em directo, à chegada do Ano (chinês) do Porco.
Aqui fica este registo fotográfico do evento e também uma caracterização dos nascidos neste signo:
O décimo segundo ramo da astrologia chinesa é simbolizado pelo signo de Porco (Hai). A generosidade é a característica mais marcante da pessoa nascida sob este signo. Ela faz o que pode para ajudar as pessoas queridas e está sempre aberta para ouvir os problemas dos outros e oferecer conselhos. É bondosa, amorosa e nutre uma profunda necessidade de se sentir aceite. Aliás, para conquistar o afecto dos outros, ela chega a fazer sacrifícios e a passar por cima dos próprios interesses. Ao mesmo tempo, o Porco tem também um lado ávido e egoísta, que preza demais os bens materiais e os prazeres, em todas as suas formas - o sexo, o conforto, a boa mesa... Apesar do seu coração puro e quase infantil, o nativo de Porco pode revelar uma faceta negativa, caracterizada pelo espírito de vingança e pela dificuldade em aceitar as limitações impostas pela vida.
Quem queira saber mais sobre os signos chineses deve ir AQUI
quinta-feira, fevereiro 15, 2007
O Mapa da Distribuição dos Votos no Referendo

Os do Não, tentando desvalorizar o seu acantonamento às zonas rurais do Norte e de maior influência da Igreja Católica, arranjam todos os pretextos para justificar a sua derrota, recorrendo quer à intervenção pessoal do Secretário-Geral do PS, quer à campanha “light” do Sim ou quer à propaganda dos media em torno dos julgamento das mulheres que abortaram. O que não querem, e isso foi visível, tal como eu já tinha aqui referido, com Marcelo Rebelo de Sousa, na noite eleitoral da RTP 1, e agora com Lobo Xavier, na Quadratura do Círculo da SIC Notícias, é estabelecer qualquer ligação entre esta distribuição e o mapa da influência da Igreja. Para este último a oposição não será entre o Portugal moderno e citadino e o Portugal rural e conservador, dando como exemplo que não se pode considerar moderna certa esquerda que se opõe às delícias da flexibilidade das leis laborais, enquanto ele e os seus amigos, que votaram Não no Referendo, é que devem ser considerados modernos por proporem a alteração daquelas leis. Esquecendo deliberadamente que as propostas do Não, principalmente a última, a que foi apresentada na noite da derrota eleitoral, que atribuía a cada mulher que não queria abortar o mesmo dinheiro que se daria para uma IVG, são um exemplo acabado de transformar as putativas abortadoras em subsídio-dependentes do Estado se não o levarem à prática. Estas propostas vão pois ao arrepio do neoliberalismo anteriormente defendido.
Mas voltemos novamente ao mapa da distribuição dos votos. Alguns, com dúvidas legítimas, interrogam-se sobre esta distribuição (ver aqui). Sem precisar de recorrer à erudição, como o fez Manuel Vilaverde Cabral (RTP 1), ao remontar esta distribuição às lutas liberais, sabe-se que a Igreja tem muito mais influência no Norte do que no Sul do país. Basta recuar ao PREC para reconhecer que foi no Norte que a Igreja organizou as populações contra os subversivos do Sul. No Verão Quente de 1975, as sedes dos partidos à esquerda do PS foram queimadas no Norte por populações muitas vezes arregimentadas à saída das missas. Recordam-se aqueles que já eram nascidos que, no 25 de Novembro, Portugal estava dividido em dois, a norte de Rio Maior predominava a contra-revolução, a sul era a Comuna de Lisboa. Sabe-se que o Alentejo e o Algarve sempre foram terras de missão para a Igreja Católica e que durante o fascismo esta não conseguia controlar os trabalhadores rurais alentejanos, enquanto o Norte era o viveiro de recrutamento das forças repressivas do regime, PIDE, PSP e GNR Há pois uma história longa que divide Portugal em dois. Por isso, este Referendo reflectiu isso mesmo, mas igualmente a perda de influência da Igreja nas grandes populações urbanas (veja-se o caso do conselho de Aveiro ou do distrito do Porto, em que agora o Sim ganhou ). Pacheco Pereira, na mesma Quadratura do Círculo, considerava que estas populações consideravam-se Católicas, mas não iam regularmente à missa.
Por tudo isto é interessante reparar que alguns, para não serem chamados de rurais e anti-modernos, arranjam um conjunto de justificações que chegam mesmo, contra os seus interesses políticos, a hipervalorizar a acção do Primeiro-Ministro, outros, por ignorância política, que na sua maioria é o caso dos jornalista, ficam perplexos e não compreendem a distribuição geográfica do Sim e do Não. Por mim, que, com alguma simplificação, reduzi este confronto, entre o Portugal laico e liberal e o Portugal agarrado à Santa Madre Igreja, não me custa nada compreender esta distribuição.
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Não me entendi com Babel
As leituras tinham aguçado o meu desejo de ver este filme de Alejandro González Iñárritu mas cofesso que constituiu uma enorme desilusão.
Os cordelinhos da trama estão demasiado à vista e é tudo bastante previsível.
Ao contrário do que o nome indica o filme não é tanto sobre a dificuldade da comunicação (como fazia o portentoso "Colisão") mas sim sobre a probalilidade de as coisas na vida correrem mal, ou muito mal.
O "folclore" das histórias que se desenrolam em continentes distintos e uma banda sonora que destrói o ritmo narrativo contribuem para o desastre.
segunda-feira, fevereiro 12, 2007
Reflexões sobre o referendo - Final
Terminou em bem este episódio do referendo à IVG. O Sim à mudança da actual lei venceu expressivamente. Não quero procurar justificações porque é que, mais uma vez, o referendo não foi vinculativo. Só acrescentaria que, sem ter feito quaisquer contas, é muito provável que aquele fosse vinculativo se eliminássemos a chamada abstenção técnica, a que resulta dos cadernos eleitorais não estarem devidamente actualizado e que alguns estimam em cerca de 7 %.
Mais uma vez, na noite eleitoral, se assistiu à classificação dos intervenientes de ambos os lados em moderados e radicais. Na SIC, Lobo Xavier apelava para que o Primeiro-Ministro fizesse um discurso moderado, invectivando, verdadeiramente em estado de fúria, os agradecimentos aos Católicos feitos por Louçã por estes terem votado a favor do Sim. Estes senhores, quando perdem eleições, dá-lhes para o desnorte. Assim, a despropósito, referiu a IV Internacional, insinuando que aquele pertenceria aquela organização. Mas, voltando aos moderados e aos radicais, Pacheco Pereira (PP), reincidente, distribuiu na SIC epítetos por ambos os lados, acusando os adeptos do Sim de se terem manifestado ruidosamente com a vitória do seu campo, e de terem mesmo, horror dos horrores, batido palmas e gritado vivas. Queria que ficassem todos a velar defuntos, pois o que estaria em causa era o aborto de inocentes, digo eu. Depois lá distribui umas ferroadas aos do Não. Mas esta preocupação de Pacheco Pereira, de distribuir equitativamente a radicalidade de modo a ele ficar sempre no centro sensato, não o impediu de, mais uma vez, fazer as análises mais justas da noite, tendo como contraponto os dislates de Marcelo, na RTP, para quem a vitória do Sim se devia quase exclusivamente a intervenção em força do Primeiro-Ministro, ou os dos yes men Vitorino, na RTP, e Jorge Coelho, na SIC (não vi a TVI). PP afirmava que o tinha vencido era uma alteração das mentalidades e que não se podia confundir a vitória do Sim com opções estritamente partidárias, dado que as posições relativamente à problemática da IVG eram uma questão civilizacional. PP também referiu a influência da Igreja Católica na distribuição da votação, tema que tanto Marcelo e como Vitorino fugiram, como o Diabo foge da cruz, de abordar.
É evidente, que o que estava em causa, para além dos problemas sempre reais da penalização das mulheres que abortam e das questões de saúde pública resultantes do aborto clandestino, era o combate ideológico, nos termos em que o marxismo formula este conceito, entre o reaccionarismo da Igreja, quer da hierarquia quer dos leigos, e o laicismo e o livre pensamento dos defensores do Sim. Ontem encontravam-se do mesmo lado da barricada a esquerda progressista, sempre defensora destas causas, o velho republicanismo laico e anticlerical, ou seja, a maçonaria, a social-democracia europeísta e terceira-via, a direita neoliberal, não vinculada à Igreja, e até alguns Católicos, ainda herdeiros daquela corrente minoritária que, num tempo já passado, era designada por Católicos progressistas. Do outro, a do Não, o Portugal de sempre, acolhido na Santa Madre Igreja, que foi salazarista e hoje, porque se considera desempoeirado, defende a democracia e a ciência, porque lhe dá jeito, mas continua como sempre agarrado aos mesmos preconceitos morais relativos à sexualidade humana.
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sábado, fevereiro 10, 2007
CUBA 2007
O Mário Redondo visitou Cuba em Janeiro 2007. Veja AQUI as fotografias que ele fez.
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quinta-feira, fevereiro 08, 2007
Reflexões sobre o referendo IV - Os "radicais" e os "moderados"
No entanto, os profissionais da moderação, tentando distribuir os as culpas pelos dois lados lá vêm mais uma vez falar do radicalismo do sim e do não.
No programa A Quadratura do Círculo, da SIC Notícias, todos os três intervenientes falam dos radicais, apesar de Jorge Coelho ter reconhecido que eles se manifestam mais do lado do não. Pacheco Pereira no seu afã, que eu já denunciei, aqui ao lado, no nosso Fórum, de não ser confundido com os radicais, insiste nas suas posições moderadas. O que se passa com este comentarista é que, quando não se sente obrigado a separara-se dos tais radicais, costuma fazer análises bastante interessantes. Ainda ontem, referiu o peso que a intelectualidade católica, representada por Professores Universitários ou profissionais liberais de reconhecido mérito, têm nas posições defendidas pelo “não”, provocando muitas vezes o próprio espanto da esquerda, que esperava que aquelas posições fossem defendidas pelos pastores e os seus rebanhos e não por tão eméritos cidadãos.
Voltando à dicotomia radicais versus moderados, o não, numa pirueta de última hora, resolve agora que a pergunta é enganadora e que estaria disposto a, se vencer, propor de imediato uma alteração legislativa que despenalizasse as mulheres que praticam a IVG. Pretendendo afirmar, neste passo de mágica, que se cedeu na parte referente à despenalização, compete agora à outra parte manter o aborto clandestino (é evidente que os termos são meus). E quando Sócrates afirma o óbvio, quem votar não está a pugnar pela manutenção da actual situação, Marques Mendes, utilizando a demagogia mais asquerosa, classifica Sócrates, quem o diria, de radical e extremista. Ou seja, o que é proposto, em vésperas de realização de um referendo popular, é que Sócrates e Marques Mendes se encontrassem, e nas costas dos eleitores, tal como o fizeram, há 8 anos, Marcelo e Guterres ao arrepio da decisão da Assembleia da República, dividiam a pergunta ao meio e Sócrates ficava com a despenalização e Marques Mendes com a manutenção do aborto clandestino. Ora isto é impensável e revela uma profunda má fé. Mas, mais uma vez, o que se pretende é lançar sobre o adversário o epíteto de radical. Tal como o representante do PSD no “Debate da Nação” na RTP 1, acusou, a insuspeita Lídia Jorge, de radical e insensível, porque nos Prós e Contras tinha chamado coisa ao feto. Ou seja, desde o princípio, que aquilo que se pretende é acusar os defensores do sim de radicais, de modo a isolá-los e acantoná-los às posições do Bloco de Esquerda e às suas posições ditas fracturantes sobre a sociedade.
Não queria terminar, sem chamar a atenção para um texto de Rui Ramos, um dos ideólogos do neo-conservadorismo nacional, que, em artigo de opinião no “Público” de quarta-feira, entende que o referendo não serve para nada e que resulta do manobrismo político de alguma central da subversão contra os partidos do centrão político. E mais uma vez, para ilustrar tão brilhante reflexão, lá vem a fotografia de uma barriga de mulher com a inscrição aqui mando eu, tentando encostar o sim à radicalidade. No dia 11 iremos saber se tão perigosos radicais venceram ou foram mais uma vez encostados á parede pelo Portugal Católico e Bem-pensante.
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Para nos livrarmos da praga...
1- Um método que realmente funciona:
Ao receber uma chamada de telemarketing a oferecer um produto ou um serviço, diga apenas, com toda a cortesia: "Por favor, aguarde um momento...". Dito isto, deixe o telefone sobre a mesa e vá fazer outras tarefas (em vez de simplesmente desligar o telefone de imediato). Isso vai fazer com que cada chamada de telemarketing para o seu telefone tenha uma duração longuíssima, ultrapassando em muito os limites impostos ao indivíduo que lhe ligou.
De vez em quando, verifique se o sujeitinho ou menina ainda está em linha. Reponha o telefone na posição de repouso apenas quando tiver a certeza de que desligaram. Não tenha dúvida de que esta é uma lição de custo elevado para os intrusos.
2 - Já alguma vez lhe sucedeu atender o telefone e parecer que não há ninguém do outro lado?
Se sim, fique a saber que esta é uma técnica de telemarketing executada por um sistema computorizado, o qual estabelece a ligação e regista a hora em que a pessoa atendeu o telefone. Esta técnica é utilizada por alguns serviços de marketing para determinar a melhor hora do dia em que uma pessoa dos serviços poderá ligar-lhe, evitando assim que o "precioso" tempo de ligação deles venha a ser desperdiçado, se não encontrar ninguém em casa.
Neste caso, ao receber este tipo de ligação, não desligue. Ao invés, pressione imediatamente a tecla "#" do aparelho, seis ou sete vezes seguidas e em sequência rápida. Normalmente, este procedimento confunde o computador que discou o seu número, fazendo-o registar que o número é inválido, eliminando-o assim da base de dados.
3 - Publicidade inserida nas contas recebidas pelo correio
Todos os meses recebemos publicidade indesejada inserida nas contas de telefone, luz, água, cartões de crédito, etc. Muitas vezes essa propaganda vem acompanhada de um envelope-resposta, que "não precisa selar; o selo será pago por..."
Insira nesses envelopes pré-pagos a publicidade recebida e coloque-a no correio, endereçada de volta o a essas companhias. Caso queira preservar a sua privacidade, antes de inserir a publicidade no envelope remova todo e qualquer item que possa identificá-lo.
Este é um método que funciona excelentemente para ofertas de artões, empréstimos, e outro material não solicitado. Portanto, não atire fora esses envelopes pré-pagos! Ao devolvê-los com a propaganda recebida, está a fazer com que as referidas empresas paguem duas vezes pela publicidade enviada. Se quiser adicionar uma pitada de malvadez, aproveite para inserir anúncios da pizzaria do seu bairro, da lavandaria, do dentista, de canalizadores, fabricantes de marquises de alumínio, ou qualquer outro item importuno que esteja à mão.
Há já várias pessoas a usarem estes métodos de devolver a lixarada publicitária. Está na altura de mandarmos o nosso recado às empresas. É preciso, no entanto, que existam números expressivos de pessoas a aplicar estas técnicas eficazes de protesto. Talvez não seja má ideia passar este mail aos seus amigos.
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terça-feira, fevereiro 06, 2007
Patagónia, um novo "far-west"
No Sul da Patagónia, dividido pela Argentina e pelo Chile,há grandes paisagens intocadas e povoações com ar precário e caótico.
Os índios primitivos foram quase totalmente exterminados.
Acabo de publicar sessenta imagens, recolhidas por mim nessas longínquas terras austrais, que podem ver clicando AQUI
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domingo, fevereiro 04, 2007
Reflexões sobre o Referendo III - Quando Começa a Vida
Estando o debate neste tom, senti necessidade de ir consultar um texto de um grande professor da Faculdade de Ciências de Lisboa, já falecido, que me recordava de ter lido: Biologia e Sociedade de G. F. Sacarrão. Neste seu livro, bastante interessante por outros aspectos, dedica aquele Professor de Zoologia um capítulo à Metafísica do embrião humano. Começa assim este seu texto “qual o momento do desenvolvimento do embrião ou do feto que marca o começo do ser humano como indivíduo, com a sua natureza, os seus direitos, a sua dignidade. O problema não pertence ao âmbito da ciência, visto que ao biólogo essa questão não se põe, não o preocupa como cientista. Mas o problema é levantado sempre que se discute a questão do aborto,..., de modo que a posição e os limites da biologia não podem ser ignorados, dado o abuso que em geral se faz dos conceitos científicos e a confusão que se gera entre estes últimos e os chamados valores humanos.”... “ Do ponto de vista científico não há possibilidade de dar uma resposta objectiva à questão de quando a vida humana começa”.
Partindo pois desta premissa começa a enumerar as razões porque “não há possibilidade de dar uma resposta objectiva á questão de quando é que a vida humana começa”.
Assim, se parece incontestável que a fecundação do óvulo pelo espermatozóide dá início à história de um novo indivíduo, pergunta: “será o óvulo menos humano que o ovo?” “Sem condições e propriedades que lhe vêm de estados anteriores o óvulo não engendrará o ser humano”. Mesmo que não seja um ser humano, “contém em si as potencialidades da sua realização, de modo que a sua destruição, para muitos, poderá ser um acto imoral e criminoso”. O que de facto sucede, acrescento eu, com a condenação pela Igreja Católica dos métodos anticoncepcionais que conduzam, como a pílula, à inviabilidade dos óvulos. A Igreja só aceita os métodos ditos “naturais”, ou seja, aqueles que permitem determinar o período não fértil da mulher para ter relações. Os óvulos, neste caso, são também sagrados.
Mas não são só os óvulos que potencialmente podem dar origem a um ser humano, também os espermatozóides são indispensáveis para a sua concretização. Por esse motivo, também aí a Igreja interdita o uso do preservativo (conclusão minha). Mas “os espermatozóides morrem por centenas de milhões em cada emissão ejaculatória, e todavia tal desperdício e morte de potencialidades humanas não produz o mais insignificante abalo moral.”
Por outro lado, na espécie humana não é impossível a partenogénese natural, ou seja, o desenvolvimento de um novo ser a partir exclusivamente do óvulo, facto que se verifica em inúmeros animais. Se este facto é excepcional, não ultrapassando as primeiras divisões ovulares, e podendo por isso ser desprezado, os avanços da biotecnologia poderão no futuro torná-lo viável. A clonagem, por exemplo, utilizando outros processos, conduz na prática a obter um indivíduo idêntico ao original, sem necessidade da fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Tudo isto são hipóteses em aberto que tornam mais difícil determinar quando começa e o que é a vida humana.
Mais, utilizando as experiências da clonagem efectuadas em animais ou, de acordo com avanços científicos posteriores a este livro, as efectuadas nas células estaminais do embrião conclui-se que “o programa genético para edificar um ser humano existe em cada uma das suas células... Ora se as potencialidades genéticas do ser humano não estão presentes apenas no ovo, matar qualquer das suas células representaria, na mesma ordem de ideias, um crime.” E pergunta Sacarrão “tendo todas as células do corpo os mesmos genes, porque é que só o óvulo e o embrião que ele engendra são sagrados?” E responde de seguida “não é à biologia que cabe dar resposta a questões que respeitem a diferenças, no plano moral ou religioso, entre os elementos da linha germinal ou ontogenética e o resto do corpo.” E continua Sacarrão “o começo do ser humano não pode situar-se exclusivamente no ovo fecundado, nem o ovo é a única célula que possui a sua programação básica. Por outro lado, mesmo que situemos esse nascer do ser humano no ovo,... O que será o novo ser humano depende das condições em que se diferenciou o óvulo no ovário até à sua maturação, ruptura do folículo e entrada do óvulo na trompa. É no ovário que se constroem grande parte dos alicerces do futuro ser humano, que afinal emerge do ovário materno, que deriva afinal da própria substância da mãe”.
A seguir Sacarrão interroga-se sobre “o que devemos entender por humano. O mesmo que perguntar: o que é que na realidade separa os homens dos outros mamíferos, particularmente dos restantes primatas com os quis está estritamente aparentado? Decerto que não será uma forma determinada e fixa que assinala o fenómeno humano, visto isso equivaleria a rejeitar como seres humanos as diversas configurações físicas que têm balizado a nossa evolução desde, pelo menos, há 3 ou 4 milhões de anos”. Assim, “nem na evolução filogenética, nem na embriogénese, a biologia pode marcar o momento em que começa o ser humano. Para ele trata-se de um falso problema.”
E sem percorrer todo o amplo campo de reflexão desenvolvido por Sacarrão gostaria de recorrer às suas considerações finais sobre este assunto e que me parecem extremamente produtivas: “No fundo, o debate sobre o verdadeiro começo da vida humana traduz um persistente regresso à questão das essências. No processo de desenvolvimento (ontogénico e evolucional) quando começa a essência humana? E a essência chimpanzé? Questão insolúvel para o biólogo (nem mesmo é uma questão para ele) porque a mudança seja ela individual ou histórica, é incompatível, em biologia, com a existência de essências como entidades intransmutáveis, conceito que Darwin desmantelou ao considerar a natureza e a origem das espécies. Darwin desdivinizou o homem, e com ele a biologia violou um domínio sagrado, o da origem e natureza do homem. Hoje entrou-se numa área intocável, a da reprodução e da hereditariedade, com intervenção nos alicerces do ser humano, na sua área germinal e embrionária, na sua própria fonte. À guerra do macaco vem juntar-se agora a guerra do embrião, numa ampla retórica metafísica”.
Isto escreveu Sacarrão em 1989, em 2007 o problema ainda não está resolvido e os defensores do “não” continuam, com a aparência de grandes verdades científicas, que chegam a ofuscar os do “sim”, quando ingloriamente se metem por estes caminhos, a utilizar a retórica metafísica para justificar as suas opções morais que, em última instância, são religiosas.
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sábado, fevereiro 03, 2007
S. Cruz de Almodôvar
Assisti hoje a mais um concerto da série "TERRAS SEM SOMBRA", desta vez na encantadora igreja Matriz de S. Cruz, a Sul de Almodôvar. Agora isolado no meio do campo este templo do século XVI nasceu junto a um antigo caminho percorrido então pelos peregrinos de Compostela.
O "Consort Português Mal Temperado", com as suas flautas, deu-nos a ouvir música do manuscrito 964 da Biblioteca Pública de Braga.
Neste local tão especial as belas sonoridades das flautas faziam-me lembrar os orgãos de igreja para os quais as peças interpretadas foram originalmente escritas.
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quinta-feira, fevereiro 01, 2007
Tendências Mundiais do Emprego
A OIT, Organização Internacional do Trabalho, publicou recentemente um relatório sobre o emprego a nível mundial.
A constatação mais importante é que o emprego gerado pelo crescimento económico, apesar de este ser elevado, não acompanha o crescimento da população.
A relação emprego/população apresenta um valor cada vez mais baixo.
Veja um resumo do relatório "Tendências Mundiais do Emprego" ou um vídeo do discurso de apresentação.
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quarta-feira, janeiro 31, 2007
O Mapa do Aborto
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Reflexões sobre o Referendo II - A Concepção Nazi do “Não”
Têm alguns defensores do “não” defendido que, devido à cada vez menor taxa de natalidade, não tem sentido, neste momento, vir, segundo eles, facilitar a IVG, pois estaríamos a contribuir para a diminuição daquela taxa e em último caso a agravar o défice da Segurança Social, pois quantos menos novos trabalhadores entrarem no mercado de trabalho, menores recursos haverá para pagar aos que se irão reformar. Este argumento é mesmo apresentado até à exaustão, com outros exemplos de igual jaez.
Matilde de Sousa Franco, no debate que se realizou no dia 30 na SIC Notícias, chegou mesmo a afirmar que o aparecimento da legislação liberalizadora da IVG que foi aprovada no pós-guerra na grande maioria dos países da Europa Ocidental (empregou mesmo o termo”moda”) teve a ver com a crença dos economistas de que haveria, dado o “baby-boom” que se verificou a seguir àquele conflito, um acréscimo de população e que por isso era necessário fomentar a diminuição de partos. Hoje, como isso não se verifica, seria uma prova de grande civilização (termos da autora) fomentar novamente novos nascimentos. É evidente que esta afirmação não é verdadeira, porque a maioria das legislações europeias sobre a IVG vêm dos anos 70 e 80, quando a situação de taxa de natalidade elevada já não se verificava.
Mas, o que é mais espantoso nas afirmações dos defensores do “não”, é que sem se aperceberem estão a introduzir nas suas ditas reflexões humanistas a problemática aterradora do Estado forçar, pela penalização das mulheres que abortam, o aumento do número de nascituros. No fundo, consideram, tal como os nazis que incitavam as mulheres alemãs a terem mais filhos para lutarem pela Nação, que a função da mulher é ser poedeira para garantir aos mais velhos uma reforma tranquila.
Penso que o “sim”, ao não desmontar esta armadilha e ao não acusar de nazis os defensores de tais ideias, se tem colocado, quanto mim, numa posição defensiva.
Seria importante, com a divulgação das medidas nazis para implementar a natalidade das alemãs de raça pura, confrontar estas “senhoras”, que tão pressurosamente nos vêm recordar que as nossas reformas estão em causa se votarmos “sim”, com os ideais do nacional-socialismo.
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Reflexões sobre o referendo I - A IVG e a Maternidade Consciente
Dado a derrota que tinham sofrido no último referendo sobre a IVG (interrupção voluntária da gravidez) decidiram agora os movimentos do sim concentrar todas as suas atenções em duas questões que, segundo o seu ponto de vista, são as que estão em causa neste novo referendo. A primeira é que a mulher não pode ser criminalizada por ter praticado um aborto até às 10 semanas e a segunda é que este deve ser feito em estabelecimentos legalmente autorizados e não em clínicas de vão de escada.
Estamos aqui perante o politicamente correcto, ninguém foge ao tema e todos, com pequenas variantes, defendem o mesmo ponto de vista. Nenhuma mulher, ao contrário do que afirma Henrique Monteiro (do Expresso), voltou a defender que no seu corpo manda ela e as fotografias, que tanto escandalizaram no referendo anterior, de duas ou três mulheres em que aquelas palavras apareciam escritas nas suas barrigas, só têm voltado a ser publicadas por aqueles que querem contrapor ao destempero do não o radicalismo do sim.
Ora eu penso, que sendo verdades indesmentíveis as questões levantada pelo “sim”, aquilo que verdadeiramente está em causa na discussão sobre a IVG é a liberdade de opção da mulher, não para garantir que no seu corpo manda ela, mas se deseja ou não ter o filho que trás no ventre. Ninguém pode obrigar uma mulher a ser mãe do filho que, pelos motivos mais variados, não quer ter. A maternidade, mais até do que a paternidade, deve resultar de uma opção consciente da mulher. Só os filhos desejados é que são amados. Tudo o mais é terrorismo da Igreja e das suas concepções fundamentalistas sobre o que é a vida. Hoje a Igreja Católica com as suas opções doutrinárias extremamente sectárias, que por estranho que pareçam andam sempre à volta da sexualidade, está levando os católicos para becos sem saída e forçando-os a posições cada vez mais isoladas nas sociedades contemporâneas. Hoje, ao contrário do que diz o Cardeal Patriarca de Lisboa, as opções civilizacionais centram-se na liberdade de opção por uma maternidade consciente e não na defesa dessa concepção metafísica de que a “vida humana” se estende desde a concepção (junção do espermatozóide com o óvulo) até ao nascimento do novo ser.
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domingo, janeiro 28, 2007
Depoimento de Jorge Sampaio sobre o referendo
Lido no encontro Eurodeputad@s pelo SIM, em 28/1/2007
No próximo referendo, o que está em causa é um problema de política criminal do Estado democrático. Ou seja, trata-se, em primeira linha, de um problema de Código Penal, um problema de previsão e definição de crimes e de penas.
O que sucede, é que as normas penais em vigor consideram que, salvo algumas excepções já previstas, uma mulher que interrompa voluntariamente uma gravidez até às dez semanas num estabelecimento hospitalar está a cometer um crime e, como tal, deve ser perseguida, condenada e enviada eventualmente para a prisão.
Mas há alguém que no século XXI e na Europa possa conscientemente pretender que, numa sociedade com os nossos valores, a nossa cultura, os nossos princípios e as nossas práticas sociais, uma mulher que interrompa a gravidez naquelas circunstâncias tão precisas e delimitadas é, por esse facto, uma criminosa e que o Estado a deve perseguir penalmente, a deve julgar, a deve condenar e eventualmente enviar para a prisão?
Todavia, é isto que o nosso Código penal, salvaguardadas as excepções já previstas, ainda hoje faz. Por isso é que as normas penais actualmente em vigor nos deixam, a propósito, isolados na Europa a que pertencemos e dão do Estado português, a propósito, a ideia de um Estado retrógrado, injusto, cruel e desumano.
Por demasiadas vezes esta questão tem sido distorcida, procurando-se deixar subrepticiamente a impressão de que aquilo que se coloca à apreciação e decisão dos cidadãos é algo completamente diferente.
Mas não se trata de qualquer discussão complexa e interminável sobre o sentido da vida, sobre o início da vida humana, sobre a natureza da vida intra-uterina, sobre a existência ou inexistência, a propósito, de pretensos ou reais conflitos entre direitos humanos ou direitos fundamentais.
Sobre cada uma destas questões, todas respeitáveis e dignas de discussão, cada um de nós já formou, ou virá a formar, as suas próprias dúvidas ou convicções, as suas próprias opiniões ou sentimentos pessoais de natureza moral, filosófica, religiosa ou política. Esse é um problema de cada pessoa ou de cada grupo particular, constituindo uma zona de reserva íntima ou de convicção pessoal que o Estado de Direito democrático não deve invadir.
Não cabe ao Estado democrático aderir, professar ou defender, a propósito, uma singular ou particular concepção moral, filosófica, ou religiosa. Nem, consequentemente, cabe ao Estado democrático inquirir os cidadãos sobre as concepções que cada um sustenta neste domínio.
Portanto, e definitivamente, por mais que alguns pretendam continuar a confundir, manipular e distorcer sobre o que está em causa neste referendo, que fique claro que não é nada disto que se trata.
Por isso nesta consulta popular a única questão a decidir é saber se, sim ou não, uma mulher que interrompa voluntariamente a gravidez nas primeiras dez semanas em estabelecimento autorizado deve ou não ser penalmente perseguida, julgada, condenada e eventualmente enviada para a prisão. SIM ou NÃO!
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sexta-feira, janeiro 26, 2007
Senhora dos Prazeres
No passado sábado teve lugar em Beja mais um concerto da série TERRAS SEM SOMBRA, de que já aqui falámos.
João Paulo Janeiro interpretou músicaIbérica do Maneirismo ao Pós-Barroco, em cravo e clavicórdio.
O concerto decorreu na recém restaurada igreja da Nossa Senhora dos Prazeres cujo delicioso tecto podem ver a encimar este "post".
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quinta-feira, janeiro 25, 2007
PORQUE SIM !
Movimento Cidadania e Responsabilidade pelo SIM
Rua Duque de Palmela, nº 2, 3º
1250-098Lisboa
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segunda-feira, janeiro 22, 2007
Para memória futura
Passado um ano sobre a eleição de Cavaco Silva, que não apoiei e em quem não votei, não resisto a fazer uma breve súmula de intervenções dos quatro "candidatos da esquerda".
Para quê ?
Talvez eu ainda não me tenha conformado com a falta de seriedade nascida da falta de ideias, talvez eu ainda acredite que a esquerda devia mesmo exibir uma forma qualquer de "superioridade moral", talvez eu ainda não tenha desistido de ter esperança numa nova vaga mesmo nova ...
Mário Soares apresentou ontem o seu programa eleitoral, começando por se demarcar, contra os que, por "messianismo revanchista" da direita, "reclamam abertamente a subversão do regime constitucional". Soares defendeu que o regime semipresidencial "não está esgotado", ainda que possa ser "aperfeiçoado e aprofundado". Foi neste quadro de estabilidade de regime que Soares afirmou o que quer quanto à outra estabilidade, a política. Para, aqui, marcar uma diferença em relação àquele que pareceu eleger, ao longo da intervenção, como principal adversário: Cavaco Silva. Porque, disse Soares, quer "estabilidade política e concertação social" e uma "modernização feita sem convulsões". Ou seja, "estabilidade, mas não a qualquer preço".
Mário Soares, DN 26/10/2005
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Confrontado com declarações suas em que chamava a atenção para os riscos que uma vitória de Cavaco traria para o regime político, Alegre desdramatizou esses riscos - "Acho que ele [Cavaco] se vai portar bem" - e insurgiu-se contra o que chamou de "diabolização" do adversário social-democrata, que considerou "uma pessoa séria e íntregra, mas crispado, que tende a crispar a vida política" e que "tem uma tendência para se cingir apenas aos problemas económicos". No entanto, Alegre acabaria por reconhecer que "se ele [Cavaco] for eleito, e com certo tipo de apoiantes que tem (...), pode haver alguma tentação presidencialista".
Manuel Alegre, DN 08/11/2005
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O candidato presidencial apoiado pelo PS lembrou que já esteve no estrangeiro em contacto com comunidades portuguesas, e constatou que agora também Cavaco vai estar fora do País, "o que lhe permite continuar numa posição de não fazer pré-campanha. É uma posição que lhe agrada certamente, mas vai-se tornando uma espécie de candidato-esfinge".
Mário Soares, DN 11/11/2005
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"A democracia pode ser empobrecida e mutilada, caso se verifique uma vitória de Cavaco com estes apoios." Os apoios a que o líder comunista e candidato presidencial do PCP se referia são os "grandes grupos económicos", nomeadamente banqueiros, que apoiam o antigo governante.
"Torna-se cada vez mais claro o seu projecto de uso da Presidência da República para uma intervenção executiva ao arrepio dos limites constitucionais", disse. O líder explicou mesmo que esta candidatura foi "encenada e preparada (...) pelos sectores mais à direita da sociedade." E irónico "Creio que a decisão de se candidatar não foi tomada, na sua casa, com a família. "
Jerónimo de Sousa, DN 12/11/2005
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"Dou a voz a Cavaco Silva, que ele agora não quer falar 'Como é que nos vemos livres deles? Reformá-los não resolve o problema, porque deixam de descontar para a Caixa Geral de Aposentações e, portanto, diminuiu também a receita do IRS. Só resta esperar que acabem por morrer.' Cavaco Silva, 2 de Março de 2002." A citação do antigo governante, numa conferência na Faculdade de Economia do Porto, foi feita com ênfase por Louçã. Que, no seu discurso, haveria de repetir até à exaustão o "deixá-los morrer" como a solução preconizada pelo "candidato da direita" para o problema da função pública. A plateia, onde se sentavam cerca de uma centena de apoiantes, reagiu ao nome do ex- -primeiro-ministro com apupos e assobios.
Francisco Louçã, DN 13/11/2005
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"Não dormirei descansado com uma vitória de Cavaco Silva", disse ontem, no Funchal, Jerónimo de Sousa horas antes de se reunir num jantar com apoiantes da sua candidatura.
...
O que preocupa o PCP "são as dinâmicas e os apoios do grande capital financeiro, especulativo e imobiliário, reunidos em torno de Cavaco Silva e que comportam objectivos que colidem com o actual projecto constitucional", designadamente, "sectores ultra neo-liberais" que poderão "condicionar e conduzir Cavaco Silva para uma intervenção que não corresponde àquilo que a nossa Constituição refere".
Jerónimo de Sousa, DN 19/11/2005
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Jerónimo de Sousa foi ontem ao Alentejo tentar convencer a população de Mora de que Cavaco Silva "não pode" chegar a Presidente da República, sob pena da sua eleição "desvalorizar, empobrecer e mutilar" a Constituição portuguesa, como alegadamente pretende "o grande capital" que apoia o candidato da direita a Belém.
Jerónimo de Sousa, DN 20/11/2005
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Jerónimo de Sousa acusou a direita de querer apropriar-se da Presidência da República através da candidatura de Cavaco Silva. Num almoço, ontem, com centenas de apoiantes no Bairro Alentejano, concelho de Palmela, o candidato do PCP afirmou que "a direita política e dos interesses económicos joga na vitória da candidatura de Cavaco Silva a possibilidade de, finalmente, fazer um ajuste de contas com o que resta de Abril, com o que resta de transformação e realização de Abril".
Jerónimo de Sousa, DN 21/11/2005
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Curiosamente, viria a congratular-se com a reacção do candidato apoiado pela CDU, sublinhando que Jerónimo de Sousa tem "toda a razão", quando diz que "ele e os trabalhadores não dormirão descansados, porque se lembravam do que aconteceu no passado. Eu também não dormirei e quero dizer aqui que estou de acordo com ele", sublinhou, ouvindo um dos aplausos mais efusivos da tarde, superado apenas pelo momento em que se mostrou convicto da vitória nas eleições.Soares começou por desvalorizar as sondagens, revelando não se preocupar "com as boas, nem com as menos boas". Disse que continua no seu caminho, alegando que quem vai elegê-lo "é o povo português e não as sondagens, nem a comunicação social". Mais à frente, Soares fez uma confidência - assim a adjectivou - aos jovens presentes, "para ficar entre nós e para dizerem aos vossos amigos. É que sem dúvida, eu não tenho dúvida nenhuma que vou ganhar esta eleição e que vou voltar a ser Presidente da República de Portugal."
Mário Soraes, DN 24/11/2005
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Soares considera que Cavaco Silva é um "homem com talento e grande conhecimento das coisas económicas", mas falta-lhe "sensibilidade social para defender os direitos, garantias e liberdades dos portugueses num momento em que isso possa estar em causa". Lembrou a propósito que, quando Presidente da República, ouviu de Cavaco queixas contra uma greve geral que então qualificava como "força de bloqueio", para frisar que, já nessa altura, teve que alertar o ex-chefe do Governo para o facto de a greve ser um direito constitucional.
Mário Soraes, DN 26/11/2005
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O candidato a Presidente da República Manuel Alegre desafiou ontem Cavaco Silva a explicar o que entende por "cooperação estratégica", acusando-o de, quando foi primeiro-ministro, ter "investido na teoria das forças do bloqueio". "Quando foi primeiro-ministro investiu na teoria das forças de bloqueio e hoje defende uma coisa estranha, a 'cooperação estratégica'", afirmou em Coimbra. Ao discursar durante um almoço com apoiantes, Manuel Alegre sublinhou que deve haver "uma cooperação institucional" entre os órgãos de soberania e que o Presidente da República "é o comandante supremo das Forças Armadas e não o comandante supremo do regime".
Manuel Alegre, DN 27/11/2005
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O candidato presidencial Jerónimo de Sousa exortou ontem os seus apoiantes a concentrarem-se na primeira volta e comparou o seu concorrente Cavaco Silva ao "macaco sábio, que não vê, não ouve e não fala" mas tira partido do silêncio.
Jerónimo de Sousa, DN 28/11/2005
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sábado, janeiro 20, 2007
Exposição em Sines
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quinta-feira, janeiro 18, 2007
O acto sexual é para ter filhos
Agora que temos novo referendo sobre a IVG aí vai o poema de Natália Correia para recordarmos...
«O acto sexual é para ter filhos» - disse na Assembleia da República, no dia 3 de Abril de 1982, o então deputado do CDS João Morgado num debate sobre a legalização do aborto.
A resposta de Natália Correia, em poema - publicado depois pelo Diário de Lisboa em 5 de Abril desse ano - fez rir todas as bancadas parlamentares, sem excepção, tendo os trabalhos parlamentares sido interrompidos por isso:
Já que o coito - diz Morgado -
tem como fim cristalino,
preciso e imaculado
fazer menina ou menino;
e cada vez que o varão
sexual petisco manduca,
temos na procriação
prova de que houve truca-truca.
Sendo pai só de um rebento,
lógica é a conclusão
de que o viril instrumento
só usou - parca ração! -
uma vez. E se a função
faz o órgão - diz o ditado -
consumada essa excepção,
ficou capado o Morgado.
( Natália Correia - 3 de Abril de 1982 )
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segunda-feira, janeiro 15, 2007
Um ano passa num instante
Um Ano de fotografias de Sérgio Redondo, em exposição na "Trem Azul Jazz Store", até ao fim de Janeiro. Vale bem a pena ir à Rua do Alecrim 21A, em Lisboa.
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domingo, janeiro 14, 2007
Apocalisto
Em má hora resolvi ver o filme de Mel Gibson.
Cedi à tentação porque acabara de regressar da América do Sul e também por curiosidade.
Apocalypto é obra de um mentecapto que nos quer pregar moral defendendo, sem nunca demonstrar, que a destruição da civilização Maia e a colonização que se seguiu foram a consequência da sua própria decadência. Esta "ideia" não é de forma alguma explorada no filme limitando-se a constar de uma legenda introdutória.
Trata-se de uma tese reaccionária que culpabiliza os colonizados por o serem e que ignora todas as outras facetas, tecnológicas e outras, que explicam a supremacia militar.
Como se tal não bastasse o homem parece ter querido fazer um mostruário de lugares comuns: lá está o oportuno eclipse e também a fuga através da cascata que enxameiam todos os "filmes de acção" passados naquelas paragens.
A violência constante é tão excessiva quanto ridícula. E, segundo dizem, o ridículo mata mais do que qualquer outra coisa...
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sexta-feira, janeiro 12, 2007
Já me esquecia do Sassetti
Antes de partir para a Patagónia fui ver o espectáculo e fartei-me de ouvir o disco (que é excelente). Agora fui dar com uma crítica de João Carneiro, no Expresso, que corresponde exactamente à minha opinião sobre o espectáculo. Aqui vai:
"Mais ambicioso, do ponto de vista da estrutura e da forma, é o espectáculo de Bernardo Sassetti, Unreal - Sidewalk Cartoon, apresentado no São Luiz, entre 14 e 23 de Dezembro. A música, de Bernardo Sassetti, alterna secções essencialmente tímbricas e rítmicas com secções essencialmente melódicas, é correctamente concebida e, principalmente, irrepreensivelmente executada pelo compositor, ao piano, pelo grupo Drumming, de Miguel Bernat, e por mais alguns músicos. Há também uma narrativa, de carácter surrealizante e absurdo, sem chegar a ser nada destas coisas, sobre uma epopeia irónica e cómica para desenvolver um plano de carácter musical junto de massas trabalhadoras, e é aqui que as coisas começam a resvalar. A narrativa parte de um livro escrito por Bernardo Sassetti e é cenicamente realizada em voz «off» e em filme de animação. As imagens são interessantes e cuidadas, mas os filmes são longos e o texto é pobre e pretensioso. Pior, esta dimensão ficcional é acompanhada por uma espécie de teatralização em que alguns dos músicos, mas principalmente Bernardo Sassetti, intervêm, contando ainda com a participação de Beatriz Batarda (em Lisboa). O resultado é parecido com o constrangimento que sentimos quando vemos pessoas fazer em público brincadeiras que nunca deveriam ter saído da mais estrita privacidade;geralmente, e para bem de todos, fazemos de conta que aquilo não aconteceu."
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terça-feira, janeiro 09, 2007
Até amanhã
Passei o dia em Santiago do Chile, preparando-me para regressar já amanhã.
De manhã assisti a uma cerimónia de render da guarda e fiquei com a sensação de que o Chile é um pouco esquizofrénico, oscilando entre o espírito libertário e a influência das disciplinas germânicas. Esta não será uma observação muito original mas a verdade é que fiquei impressionado.
Almocei no Mercado Central e aproveitei para comparar os peixes deles com os nossos. Por enquanto ainda nao encontrei nenhum país com mercados de peixe melhores do que os nossos.
Antes de me arrastar até ao hotel passei pelo Museu Chileno de Arte Precolombina . Fiquei maravilhado.
Até já.
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domingo, janeiro 07, 2007
O cabo dos trabalhos
Terminei hoje uma viagem de 3 dias, num navio, pelo sul da Patagónia que culminou no lendário Cabo Horn debaixo de uma tempestade.
Trata-se de uma região grandiosa com inumeras ilhas, canais, fiordes e glaciares.
Fico optimista quando vejo estas vastidões ainda não degradadas pelo homem. Felizmente uma parte muito grande da América do Sul ainda esta bastante preservada e constitui uma enorme reserva de recursos.
Em pleno estreito de Magalhães ainda é possivel visitar uma ilha com milhares de ninhos de pinguins.
Num outro plano constata-se a fragilidade do cimento social destas sociedades da Argentina e do Chile, por exemplo.
O nacionalismo não tem o lastro do tempo e os heróis fundadores padecem de um certo ridículo.
Torna-se patente que uns quantos usaram as lutas da independência como pretexto para abocanhar quantidades gigantescas de terra, e de outras riquezas.
Puerto Natales, Chile
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quarta-feira, janeiro 03, 2007
A cidade mais ao Sul do Mundo
E cá estamos nós na cidade de Ushuaia a 1000 kilometros apenas da Antártida. Ushuaia é a cidade mais ao Sul em todo o mundo (é difícil pensar que estamos a sul da Austrália).
Acabo de encher a barriga de santola e acho que esta cidade, embora caótica do ponto de vista urbanístico, é demasiado normal para aquilo que eu imaginava nestas latitudes.
A cidade está na margem do Canal Beagle (o nome do navio de Darwin) e já ao Sul do Estreito de Magalhães.
Amanha embarcaremos num cruzeiro que nos levará ainda mais perto do cabo Horn.
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segunda-feira, janeiro 01, 2007
Reveillon Austral
Ontem festejámos a passagem do Ano em Calafate, 3 horas de avião a sul de Buenos Aires. Ao grupo da excursão até se juntaram dois japoneses entusiamados mas quase incompreensíveis que meneavam os sambas aplicadamente.
Calafate é uma pequeníssima e colorida povoação que cheira a "far west", improvisando e explodindo ao ritmo dos fluxos turísticos que se dirigem ao glaciares andinos.
Hoje fomos ao espantoso glaciar Perito Moreno e andámos de barco junto à parede de gelo com 50 metros de altura e 2000 de comprimento. O gelo parecia iluminado, de azul, por dentro. Absolutamente fantástico.
Ainda bem que Calafate é tão remoto pois se assim não fosse teríamos ordas de turistas poluindo a majestade do lugar.
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