quarta-feira, setembro 21, 2016

Milagre no Rio Hudson



Clint Eastwood pegou no insólito e inacreditável episódio, ocorrido em 2009, em que um piloto conseguiu uma aterragem de emergência no rio Hudson, logo após a descolagem, salvando os 155 ocupantes do avião.
Neste filme não há qualquer exploração abusiva dos efeitos especiais nem a utilização fácil das cenas de terror naturais em tais situações.
Clint, com a ajuda preciosa de Tom Hanks, debruça-se sobre o drama humano do piloto. Um homem que se vê subitamente herói universal e, simultâneamente, suspeito de não ter tomado as decisões mais seguras durante a emergência.
Uma situação só possível numa cultura de responsabilização onde não se hesita submeter a inquérito rigoroso mesmo alguém que é idolatrado pelas massas.
Coloca as seguintes questões muito interessantes:
1. A indústria aeronáutica dispõe de tecnologias espantosas mas, como em certas situações é inevitável o factor humano, quais são limites dos sistemas automáticos?
2. Como balancear a capacidade tecnológica para modelar e simular situações, por um lado, e a intuição humana e o saber acumulado pela experiência, por outro?
3. Em que condições é legítimo julgar à posteriori situações e decisões que tiveram lugar sob tensão em ambientes irrepetíveis?
Uma problemática em que não andamos muito longe dos "prognósticos depois do jogo" ou mesmo das soluções milagrosas para sair da bancarrota que certos políticos apresentam "depois do jogo" sabendo que os erros de tais soluções nunca poderão ser demonstrados.
A política e a economia não possuem simuladores de voo.

Sem comentários: