quarta-feira, agosto 17, 2011

Os "mais desfavorecidos"

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Há em Portugal um estrato social essencialmente mitológico mas de uma enorme utilidade. Todos os dias é referido, e palavrosamente defendido, por todas as forças políticas, sindicais, religiosas e governamentais: os "mais desfavorecidos".

Mas os "mais desfavorecidos" nunca dão a cara, estão sempre na ribalta por interposta pessoa. Não se sabe quem são nem quantos são.

É verdade que todos podemos pensar que há outros ainda "mais desfavorecidos" e portanto ninguém se sentir em condições de ser o seu porta-voz. Mas isso não explica nada pois o mesmo raciocínio se aplica aos "mais favorecidos" e, no entanto, imediatamente nos vêm à memória o Belmiro, o Amorim e, talvez injustamente, o comendador Berardo.

Está na hora, pois, de criar a Associação ou a Federação dos "mais desfavorecidos", e eleger os seus corpos gerentes, para ficarmos todos a saber televisionadamente o que eles verdadeiramente pensam e querem. Até hoje sabemos apenas a interpretação que da sua vontade fazem Paulo Portas, Francisco Louçã e todos os outros dirigentes, deputados e comentadores que pululam nos meios de comunicação.

O que eu não recomendo é a criação do Partido dos Mais Desfavorecidos (PMD), nem veleidades de disputar os lugares do parlamento com os partidos tradicionais. Se tal fizessem os "mais desfavorecidos" rapidamente perderiam a simpatia e o carinho com que são tratados por todo o espectro partidário da extrema esquerda à extrema direita.
Igualdade sim, mas nada de abusos.

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1 comentário:

Candido disse...

A caridade e a esmola, promovem muita gente!
Dar voz aos pobres retira a oportunidade de os Senhores se poderem manifestar como gente boa!