O filme de Alfonso Cuarón constitui essencialmente uma parábola destinada a iluminar o mundo actual.
A acção situa-se em 2027 mas penso que isso tem como objectivo facilitar a acentuação dos problemas e desafios que já hoje vivemos (a falta de confiança no futuro, o esbatimento dos “valores” e o consequente surgimento de reacções defensivas sob a forma de cerceamento das liberdades, violência, xenofobia, etc) .
Pode dizer-se que o caos e a violência social presentes no filme já existem no mundo actual, de uma forma ou de outra, ainda que ocorram por enquanto predominantemente em determinadas zonas geográficas.
A infertilidade que se abate sobre todas as mulheres do planeta constitui aparentemente o tema do filme mas, numa segunda observação, constatamos que é apenas um estratagema para mostrar o velhíssimo problema das pseudo-soluções para as crises da humanidade.
Em “Os Filhos do Homem” toda a sociedade se encontra focada na captura e expulsão dos “emigras” apesar de isso não resolver de maneira alguma o problema da sua sobrevivência. É sobre isso que o filme propõe a reflexão.
Os “emigras”, tal como ao longo da história os judeus, os negros e as “bruxas”, são apenas bodes expiatórios.
Aconteceu-me ver o filme numa sala onde os espectadores eram maioritariamente jovens e adolescentes em idade escolar.
Como muitas vezes acontece nos cinemas actuais houve conversas em voz alta que perduraram ao longo da sessão, múltiplas saídas e entradas durante a exibição do filme, mastigação ruidosa de pipocas e o mais que se sabe.
Eu detesto ter que assistir aos filmes neste tipo de ambiente mas, desta vez, para além de sofrer o incómodo fui levado a perguntar-me se estes comportamentos não serão já formas embrionárias da decadência mostrada no filme.
Sobre uma guerra extremamente perigosa
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*Palavras sensatas*
*Miguel Sousa Tavares no «Expresso»*
*«Imagine que Portugal e Marrocos estão em guerra e que a Espanha,
oficialmente, não participa...
Há 1 hora
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