Aconteceu, por mera coincidência, eu ter estado exposto em simultâneo às notícias da campanha presidencial e às novidades vindas de Las Vegas, por ocasião do “CES - Consumer Electronics Show”. De um lado o fim de uma “pré-campanha” que se arrastou durante meses a discutir abstracções com resultados nebulosos enquanto do outro um pequeno grupo de potentados repartia, em poucos dias, gigantescos negócios globais.
Um resumo das notícias de Las Vegas: a Google anunciou a venda de filmes da CBS e imagens dos jogos de basketball via internet , a Sony lançou um aparelhinho portátil que pode conter 80 livros e mostrá-los no seu visor para leitura, a Apple vendeu dez milhões dos seus iPods para entretenimento enquanto se dá um passeio, a Motorola anunciou a disponibilização das buscas do Google nos seus telefones portáteis e o Yahoo divulgou dispositivos que permitem a partilha da informação pelos televisores, computadores e telefones.
Por cá os nossos candidatos cruzavam acusações a propósito da divulgação, ou não, dos nomes dos financiadores das campanhas eleitorais.
Também se discutia se o primeiro-ministro apareceria, ou não, na campanha de Soares e se o Marques Mendes seria admitido nos comícios de Cavaco.
Alegre invectivava Soares e Cavaco por se terem encontrado, sem ranger os dentes, com Valentim Loureiro e com Jardim.
E assim por diante...
De repente tive a penosa sensação do anacronismo de uma campanha que quase pode ser imaginada a decorrer no século XIX.
Tenho a sensação de que a informação digitalizada do mundo está a ser repartida por meia-dúzia de grupos empresariais enquanto os nossos candidatos parecem estar completamente alheados do facto e mesmo inconscientes das suas implicações para o futuro da humanidade.
Continuaremos até dia 22 com a lana caprina ? como se estivessemos num planeta diferente ?
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