quarta-feira, junho 08, 2005

Confesso-me pirómano...






TELEJORNAL das 20 horas.

Vamos já ligar à Vanessa Labaredas que se encontra em Bandalheira da Serra onde lavra um grande incêndio que ainda não foi possível controlar:

“Boa noite Zé, Isto é um inferno, a zona é inacessível, o mato não foi cortado, o vento muda constantemente de direcção, os meios aéreos foram desviados, há falta de coordenação, esta senhora tenta salvar a casa com uma cafeteira, os bombeiros já cá deviam estar, de que é que eu vou viver agora?, já o ano passado ardeu do outro lado, as causas são desconhecidas mas há indícios claros...”

Obrigado Vanessa. Passamos agora ao João Ardido que nos fará o ponto da situação em Pasmaceira do Vale onde a situação é muito preocupante:

“Boa noite Zé, Isto é um inferno, a zona é inacessível, o mato não foi cortado, o vento muda constantemente de direcção, os meios aéreos foram desviados, há falta de coordenação, esta senhora tenta salvar a casa com uma cafeteira, os bombeiros já cá deviam estar, de que é que eu vou viver agora?, já o ano passado ardeu do outro lado, as causas são desconhecidas mas há indícios claros...”

Boa sorte João. Pepineira de Cima é o nosso próximo destino para descrever tudo o que tem “a haver” com a vaga de incêndios. Passamos imediatamente à Kátia Fogaréu que se encontra no local:

“Boa noite Zé, Isto é um inferno, a zona é inacessível, o mato não foi cortado, o vento muda constantemente de direcção, os meios aéreos foram desviados, há falta de coordenação, esta senhora tenta salvar a casa com uma cafeteira, os bombeiros já cá deviam estar, de que é que eu vou viver agora?, já o ano passado ardeu do outro lado, as causas são desconhecidas mas há indícios claros...”

É neste momento que deixo de me controlar e desejo ardentemente ver arder, até aos alicerces, os estúdios onde fazem o TELEJORNAL.

Começou a época infernal em que os telejornais repetem, dia após dia, informação irrelevante sobre os fogos, num voyeurismo que acabará por levar a população à total indiferença perante a catástrofe.

São ouvidos todos os “populares” que se encontram no local, todos os sacrificados bombeiros atordoados pelo fumo, todos os autarcas de anel no dedo e crónica falta de meios, todos os burocratas que supostamente dirigem as operações e todos, todos sem excepção, repetem as evidências e os lugares comuns que nada resolvem.

Pobre país que se compraz com o espectáculo da sua própria inépcia.

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