sexta-feira, agosto 06, 2021

Um dia olhei o espelho e vi um velho


 

Um dia olhei o espelho e vi um velho. Com surpresa mas sem mágoa. Desde criança que invejo os velhos, como baús desconjuntados a transbordar memórias.

Nós somos provavelmente a primeira geração que teve a possibilidade prática de registar, em fotografia, o que viveu do nascimento até à morte. Ao longo de milénios o passado dos velhos só podia ser "visto" em longos monólogos ou, melhor ainda, intuído num inesperado brilho dos seus olhos cansados.
Os velhos são a infinita liberdade de quem não espera nada, de quem espera o nada.

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