Um dia olhei o espelho e vi um velho. Com surpresa mas sem mágoa. Desde criança que invejo os velhos, como baús desconjuntados a transbordar memórias.
Nós somos provavelmente a primeira geração que teve a possibilidade prática de registar, em fotografia, o que viveu do nascimento até à morte. Ao longo de milénios o passado dos velhos só podia ser "visto" em longos monólogos ou, melhor ainda, intuído num inesperado brilho dos seus olhos cansados.
Os velhos são a infinita liberdade de quem não espera nada, de quem espera o nada.
Sem comentários:
Enviar um comentário