Racionalidade no combate à pandemia (3)
O confinamento é um meio e não um fim.
Duas frases equívocas marcaram recentemente as nossas vidas: "Vai ficar tudo bem" e "Fique em casa".
O "Vai ficar tudo bem" teve os resultados conhecidos.
O "Fique em casa" entranhou-se de tal forma que nos esquecemos da razão do seu aparecimento.
Ficar em casa é uma maneira de evitar contágios, ou seja, é um meio e não um fim. Só existe porque os cidadãos são tratados como patetas incapazes de gerir os seus comportamentos de forma a evitar os contágios, em casa ou fora dela.
Estar num descampado, ou dentro do automóvel, é tão pouco contagiante como estar dentro de casa. Estar a mais de dois metros de alguém e usar máscara é, em termos práticos, tão pouco contagiante como estar fechado em casa.
Mas neste momento estamos obcecados com a "letra da lei" em vez do "espírito da lei", já não se discute se um dado comportamento é de risco mas sim se o estado de emergência o permite.
As "forças da ordem" dão-se ao luxo de importunar, e identificar, cidadãos que passeiam numa praia deserta em vez de andarem a evitar ajuntamentos e confraternizações em praças e miradoiros das nossas cidades.
E o nosso orgulho cívico, que nunca foi grande coisa maltratado por décadas de ditadura, tarda em se fazer ouvir.
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