terça-feira, fevereiro 18, 2020

Chegou o tempo da geração Wannabe




Chegou o tempo da geração Wannabe

A geração Wannabe nasceu apenas demasiado tarde, quando as grandes narrativas e as grandes utopias já eram anacronismos.

Vive, por causa desse atraso fatal, no frenesim de regressar ao passado e ao mundo dos Beatles e do PREC.

Não teve oportunidade de combater o fascismo? então desata a gritar que vem aí o lobo, mal desponta um ditador anedótico na TV Correio da Manhã.

Não estava lá quando se lutou contra a guerra colonial? então pretende ver racismo, e racistas, em todo o lado e tenta expurgar os livros de história

Não conseguiu participar nas grandes lutas operárias e nas nacionalizações?
então faz discursos inflamados contra qualquer actividade privada, por mais ridícula que seja.

Falhou o momento das grandes utopias? então empenha-se nas "formas de luta" arcaicas como manifestações e abaixo assinados, apesar de os patrões antigos há muito se terem dissimulado nos refegos da internet e da globalização.

Estas e outras infantilidades têm proliferado, com a conivência de muitos cuja experiência de vida justificaria outro critério.

Como estão obcecados em tentar viver a vida dos seus pais descuram totalmente uma visão, nova, do futuro. Refugiam-se em temas fracturantes que, as mais das vezes, não pretendem senão irritar os preconceitos de um povo que "não está à sua altura".

A sua aparente modernidade deriva apenas dos gadgets que exibem, numa incoerência inadmissível, e cedência aos potentados da tecnologia.

À falta de grandes ideais, de grandes dramas e tragédias, pintam com exagero qualquer incidente minúsculo e perseguem com fatwas qualquer deslize de linguagem.

A pouco e pouco este radicalismo oco vai ocupando todo o espaço, meios de comunicação e mesmo os centros de poder, com danos provávelmente irreversíveis.

De absurdo em absurdo criarão tantos anticorpos que, esses sim, serão a antecâmara de novos totalitarismos.

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