Autofagia de "esquerda"
O caso de Garcia Pereira, e do MRPP, fácilmente se converte numa anedota.
Só que ele revela um mal-estar muito mais generalizado, à esquerda, que se traduz em sucessivas crises de identidade e de ortodoxia.
Desde que deixou de poder exibir a bandeira do "socialismo real", nas suas diferentes versões, a esquerda foi deslizando para uma sucessão de divergências, e pequenas seitas, que tornaram o efémero "acordo" com Costa uma miragem apetecível.
Mas, pior do que isso, toda a esquerda se instalou no terreno da social-democracia que não pede mais do que um "capitalismo humanizado".
A acção política oscila entre o protesto semântico contra o discurso do adversário, o policiamento politicamente correcto, as demolições de carácter e a recusa de qualquer mudança no satus quo constitucional.
Enquanto não for forjada uma nova utopia mobilizadora, uma ideia nova de futuro, a esquerda viverá de fogachos, desilusões e autofagia.
E é pena.
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