A imprensa publicou, há meia dúzia de anos, alguns artigos alertando para a importação, involuntária, de um infestante dos pinheiros oriundo da América do Norte de seu nome "nemátodo do pinheiro bravo".
Na altura tinham sido encontradas árvores afectadas no distrito de Setúbal e, correctamente, alertava-se para o perigo de disseminação da doença.
O nemátodo fura o tronco até ao interior e, uma vez instalado, perturba a circulação de nutrientes e as árvores vão amarelecendo e ao fim de alguns meses acabam por morrer.
Quem como eu percorre regularmente a costa alentejana, por exemplo entre a Comporta e Medides, não pode deixar de constatar o aumento cada vez mais acelerado do número de pinheiros doentes ao longo das estradas. Diria mesmo que nesta região o nemátodo terá já destruído muito mais árvores do que os fogos florestais, sem abalar a passividade das autarquias, o que parece ser contraditório com os mega-projectos turísticos de que tanto se tem falado.
O ataque a esta "praga", que consiste no corte e remoção dos pinheiros doentes antes que o bicho salte para outra árvore, é da responsabilidade da Direcção Geral dos Recursos Florestais. Aparentemente as burocracias necessárias para a adjudicação dos abates impedem que o ataque ao nemátodo se desenvolva a um ritmo superior ao do avanço da praga e os resultados estão à vista. Conheço casos em que mais de um ano transcorreu entre a detecção da doença e o abate da árvore.
Gostava de perceber porque é que esta questão foi totalmente esquecida pelos jornais e outros meios de comunicação enquanto que os fogos, que só destroem no Verão, gozam de enorme projecção.
Se é verdade que não há fumo sem fogo também é verdade que o nemátodo é, para a floresta, uma espécie de fogo sem fumo.
Carta aberta de profissionais da saúde
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