quarta-feira, novembro 03, 2010

O Plano Marshall chinês

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cartazes do Plano Marshall americano

De carteira na mão e cheque no bolso, o Presidente chinês deverá vir a Portugal no dia 6 comprar dívida portuguesa, depois da grega e da espanhola. A nova superpotência lança um novo Plano Marshall na Europa, que pode até resolver guerras cambiais.
Se o Presidente Hu Jintao, tal como a China indicou na passada semana, acabar por comprar dívida soberana portuguesa, está a cumprir uma viragem recente na diplomacia chinesa que a economista Véronique Salze-Lozac’h, da Asia Foundation, considera uma “estratégia económica e financeira brilhante”.
A ideia tem pelo menos um ano, quando Xu Shanda, antigo responsável pela administração fiscal da China, sugeriu apoiar economias estrangeiras, para estimular a procura externa, com as enormes reservas cambiais chinesas (ou 1,8 milhões de milhões de euros).
Xu admitiu ter-se inspirado no Plano Marshall, que os Estados Unidos aplicaram na Europa entre 1947 e 1951, para reconstruir um continente devastado pela II Guerra Mundial e, de caminho, vender a produção americana.
“Tal como no Plano Marshall original, a oferta chinesa não é solidariedade nem altruísmo. O interesse chinês -- legítimo - é económico e financeiro. Eles querem, sobretudo, não deixar o euro cair, mantendo assim a competitividade das exportações”, disse à agência Lusa Véronique Salze-Lozac’h, directora regional dos programas económicos da Asia Foundation.
Por outro lado, segundo a economista, comprar dívida europeia permite fazer a quadratura do círculo na actual disputa cambial face aos Estados Unidos, que exigem a desvalorização da moeda chinesa: sem ceder a Washington, permite inundar o mercado de dólares e comprar euros, baixando o preço da moeda norte americana.
Outra vantagem deste Plano Marshall com sotaque chinês é que compra, por bom preço, a boa vontade da Europa face à China, segundo Duncan Freeman, investigador do Instituto de Estudos Chineses Contemporâneos, em Bruxelas.
“Há uma motivação política. Pequim acredita que é bom para a imagem apoiar os países europeus e aproveita as oportunidades quando elas aparecem, para fazer avançar os seus interesses”, referiu Duncan Freeman.
“A China necessita também de diversificar as suas reservas, para responder às críticas internas que lamentam a exposição demasiado grande à dívida americana”, acrescentou.
Com cerca de 75 por cento das divisas em dólares, a China terá comprado cerca de 18 mil milhões de euros no segundo trimestre de 2010. Só em dívida espanhola, Pequim já comprou mais de 500 milhões de euros.
Público 02.11.2010

O volume do comércio externo da China atingirá este ano os 2,8 biliões de dólares, um aumento de 25 por cento face aos dados de 2009, indicam as previsões do Ministério chinês do Comércio hoje divulgadas pela agência Xinhua.




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1 comentário:

Anónimo disse...

Film "Bienvenido Mr. Marshall", 1952