O país está suspenso de uma decisão: Santana concorre ou não à Câmara de Lisboa ?Ele pode ter muito mais defeitos do que aqueles que todos nós conhecemos no "político médio" português mas está em vias de se tornar um "imortal", acima das derrotas e das campanhas assassinas da media.
À direita há reacções várias.
Inez Dentinho no "Geração de 60" enumera as obras do edil Santana em Lisboa para mostrar que ele não tem que temer o combate com o "desmotivado" António Costa.
Ana Sá Lopes, no Público, em artigo que merece ser lido, diz coisas como:
"O dr. Santana Lopes pode ter dez ou 12 vidas, pouco importa. Em Portugal, onde a memória é curta, qualquer político tem as vidas que quiser: é uma questão de interesse ou de oportunidade. Sem sobressaltos de maior, o "fugitivo" de ontem transforma-se, de um dia para o outro, num portentoso candidato presidencial, capaz de redimir a pátria da sua apagada e vil tristeza. Basta registar o entusiasmo com que a maioria dos comentadores se refere ao promissor futuro do eng. Guterres ou do dr. Durão Barroso. "
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"Como o país a que pertence, a classe política é pobre, fraca e limitada. Daí a rotatividade das mesmas figuras, a ressurreição de uns tantos "mortos", a desresponsabilização geral e o permanente ajuste de contas em que cai invariavelmente qualquer debate."
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"Mas convém ter presente que a inesperada ressurreição de Santana Lopes revela mais sobre o partido que a critica do que sobre os eventuais métodos do candidato. Se a classe política é, como já disse, fraca, pobre e limitada, na oposição revela-se quase inexistente."
À esquerda está a acontecer "o do costume" quando Santana entra em cena. A gritaria oscila entre a incredulidade e a fúria como se faltassem argumentos e projectos e a "defesa do convento" tivesse que ser feita "homem a homem". Nunca gostei deste estilo que já obrigou algumas vezes a canonizar à pressa quem fora excomungado tempos atrás.
No conto da nossa infância havia um Pedro que tanto gritou "vem aí o lobo" que as pessoas deixaram de vir em seu auxílio. Agora parece que há um lobo que se farta de gritar "vem aí o Pedro" e, com excepção dos comentadores de esquerda, há cada vez menos quem se rale com isso.
Assalta-me a dúvida sobre se Santana não se teria já retirado da vida política no caso de as suas investidas terem deixado de provocar estas reacções.
Afinal a sua popularidade é alimentada pelos seus inimigos que parecem não perceber que estão a fazer dele um "estadista" cujo estatuto é imune aos resultados e que continuará a sua carreira de ressurreição em ressurreição.
Para quem é considerado uma nulidade este desfecho pode ser considerado notável.
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