quinta-feira, janeiro 14, 2016

45



45
fui ver o filme. Conta a história de um casal, mais ou menos da minha idade, que se prepara para festejar os 45 anos do casamento e é supreendido por um facto do passado, que estivera literalmente congelado.
Não excedeu as minhas expectativas excepto num ponto: ouvir a ainda belíssima Charlotte Rampling lamentar-se por não ter fotografias que ilustrem o percurso da sua vida.
Há sempre um momento, com a idade e alguma outra crise, em que de repente as nossas memórias tremelicam e toda a nossa história nos parece inverosímil.
Devo fazer-vos uma confissão muito pessoal; eu preparei-me bem para essa eventualidade. No meu computador posso, em qualquer momento, invocar imagens de praticamente qualquer época da minha vida.
A obsessão pela fotografia que sempre me afligiu, algum sentido de organização e a maravilhosa tecnologia actual permitem-me esse luxo.
Daqui resulta um novo desafio.
É sabido que, mesmo sem querer, vamos sempre rescrevendo a nossa história de vida. No meu caso, ou em casos como o meu, a ficção em que o passado se converte acaba por ter como base não só a memória mas também umas centenas de milhares de imagens digitalizadas.

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