"Eu que nunca amei qualquer povo, como é que eu posso amar o povo judeu? Só sei amar os meus amigos, é a única coisa que posso fazer"
Hanna Arendt é um grande filme sobre a coragem que é preciso ter para romper com as crenças do grupo a que se pertence.
Depois de, em 1961, assistir ao julgamento do criminoso nazi Adolf Eichmann, ela escreve sobre a "banalidade do mal", sobre a possibilidade de aviolência extrema (como a do holocausto) poder ser praticada por Zés Ninguém.
As reacções da intelectualidade judaica são violentas e ela chega a ser acusada de nazismo. Estamos formatados para pensar que os grandes crimes têm forçosamente que ser praticados por monstros de enorme escala.
Hanna e Eichmann acabam por surgir como duas faces da mesma moeda; ele que deixou de pensar (de ser pessoa) e cumpriu ordens e ela que teima em pensar e em desafiar as ideias feitas. Ambos acabam condenados.
O tema é de grande actualidade pois vivemos num tempo em que qualquer divergência em relação à narrativa disseminada pelas televisões, que trata os problemas do país como se fossem resultado de personagens absurdas e perversas, é objecto de escárnio ou hostilidade.
Como eu me senti solidário com Hanna..
Este filme devia ser visto por todos aqueles que, em vez de tentar compreender os fenómenos económicos e sociais, se dedicam a construir mitos e fantasmas.
Haverá certamente muitos professores que perecebem a importância do filme pois o cinema estava repleto de jovens, óbviamente pertencentes a turmas universitárias ou pré-universitárias.
Infelizmente passaram quase todo o tempo a conversar e a consultar o correio electrónico nos seus telemóveis.