tag:blogger.com,1999:blog-7244767.post827628793055037083..comments2024-03-10T09:08:09.651+00:00Comments on DOTeCOMe...o Blog: Para quando o spaghetti à portuguesa ?F. Penim Redondohttp://www.blogger.com/profile/00731930206082899728noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-7244767.post-9578823255293949222007-11-15T13:46:00.000+00:002007-11-15T13:46:00.000+00:00Já toda a gente o disse: a semana passada, mais do...Já toda a gente o disse: a semana passada, mais do que um debate sobre o Orçamento, tivemos um debate sobre história. O que ninguém disse foram duas coisas. Em primeiro lugar, que com a actual classe política é fatal que todos os debates políticos<BR/>tenham um sabor antigo. Em segundo lugar, que para o PSD, ao contrário do que ensina a sabedoria, é fundamental falar do passado. <BR/>Aparentemente, entre os políticos, só Santana Lopes e Paulo Portas parecem ter o privilégio de representar o passado. É uma grande injustiça para os outros. José Sócrates foi ministro do Governo fugitivo de António Guterres. Jerónimo de Sousa é há quase 30 anos (desde 1979) membro do comité central do PCP e foi o célebre candidato presidencial dançante do partido em 1996. Francisco Louçã já dirigia a Liga Comunista Internacionalista em 1974 e foi a cara das desesperadas tentativas do Partido Socialista Revolucionário (nova encarnação da LCI) para eleger um deputado em Lisboa nas décadas de 1980 e de 1990. <BR/>Dir-me-ão: todos temos um passado. Mas o que caracteriza os nossos actuais políticos é que eles não parecem ter mais nada. Os líderes do Bloco de Esquerda são "jovens" há 30 anos. As suas ideias para o país continuam resumidas ao refrão da União Democrática Popular na década de 1970: os "ricos que paguem a crise". No caso do PCP, só a biologia impediu que tenha a mesma direcção de 1941. No entanto, ao contrário do que se diz, evoluiu muito, mas neste sentido: em cada momento, desde 1976, foi sempre o último defensor da legislação que tinha sido o primeiro a atacar. É o partido conservador por excelência deste regime: o passado, para o PCP, é sempre melhor do que o futuro. De resto, para perceber as esquerdas da oposição vale a pena ler a serenata de saudade ao comunismo no suplemento do PÚBLICO da passada quarta-feira. No que respeita à esquerda que nos governa, basta ouvi-la falar do futuro: o PS continua fiel à "paixão da educação", que já em 1995 era a garantia de que seríamos em 2007 um país próspero. Em suma, se o filme à esquerda é o mesmo, com os mesmos personagens e as mesmas ideias, porque é que haveria de ser diferente à direita? <BR/>Quanto à insistência de Meneses e de Santana em falar do Orçamento de 2005, em vez de discutir o de 2008, faz todo o sentido. O PSD que eles representam não deseja ser uma alternativa diferente ao PS: quer ser apenas o seu herdeiro natural. Daí a fúria com que Meneses, o suposto "populista", puxou brilho às medalhas do seu sentido de Estado em matéria de impostos e de referendo europeu. No fundo, os líderes do PSD gostariam de ter feito o que o PS fez nos últimos anos, e sobretudo gostariam de fazer o que suspeitam que o PS vai fazer nos próximos. Daí a confusão das suas investidas contra Sócrates: exigem cortes da despesa, mas criticam os cortes na despesa; lamentam a subida dos impostos, mas pedem garantias de que os impostos não vão descer. Acusam o Governo de insensibilidade social, e logo a seguir de eleitoralismo. Convinha-lhes que as coisas estivessem a correr mal de um modo mais óbvio. <BR/>Como a realidade não os ajuda, os líderes do PSD propõem-se ajudar a realidade. "Desmontar" é, hoje, a palavra que mais se ouve na boca da gente desta direita. Querem desmontar tudo: o Orçamento, o défice, as reformas. Provar que as propostas estão erradas, os resultados são falsos e as mudanças mais urgentes foram adiadas. Por detrás deste desconstrutivismo furioso está a esperança de convencer os portugueses de que o PSD, feitas muito bem as contas, é preferível ao PS. É a estratégia que convém a quem não quer nem pode separar-se das políticas do PS. Daí que muita gente, à direita, acredite que o PSD se devia concentrar na "desmontagem" da actualidade e que é um erro voltar ao passado. <BR/>Só que a história recente não é, para estes líderes do PSD, uma opção: é uma fatalidade. Não chega provar que o PS é mau. É necessário ainda provar que o PSD foi bom. Porque o crédito do PS foi feito à custa do descrédito do PSD em 2002-2005 - e que não afectou apenas Santana. Pior: o PS não vai deixar o passado descansar, tal como Durão Barroso não deixou em 2002-2004. Para Barroso, o "pântano" de Guterres foi o maior trunfo em todos os debates - exactamente como agora a "trapalhada" é para Sócrates. Meneses e Santana sabem que a possibilidade de êxito em 2009 depende da sua capacidade para "desmontarem" também a história de 2002-2005. Preparem-se, portanto, para ouvir falar do passado nos dois anos que aí vêm. Com esta classe política, que outra coisa esperar?Anonymousnoreply@blogger.com