sábado, janeiro 31, 2009

Olho por olho...


Lisboa quer Marquês, Terreiro do Paço e Rossio livres de propaganda eleitoral
Público, 31.01.2009
A Câmara de Lisboa quer garantir a não colocação de propaganda eleitoral no Marquês de Pombal, Terreiro do Paço, Rossio, Praça do Município e Restauradores e limitar o tamanho dos cartazes em outras zonas da cidade.Segundo o vereador do Espaço Público, a ideia é "ser totalmente respeitador das regras quanto à protecção de vistas e não ocupação de passeios e ao mesmo tempo garantir que algumas zonas ficam livres de propaganda"."
Isto era um bocado desordenado", afirmou José Sá Fernandes, frisando que a proposta que apresentou ontem numa primeira reunião com os maiores partidos políticos "é totalmente aberta". "É uma primeira sugestão. Agora vamos continuar a discutir esta matéria", explicou o vereador, acrescentando que vai chamar também os pequenos partidos para discutir o assunto. "Alguma coisa tinha de se fazer. É que mesmo as proibições que resultam da legislação muitas vezes não eram cumpridas", disse, no final de uma reunião com representantes do PS, PSD, PCP, Bloco de Esquerda e CDS-PP. De acordo com a proposta da autarquia deverão ficar igualmente livre de cartazes de propaganda eleitoral algumas zonas que entrarão em obras, como o Martim Moniz, a Alameda das Universidades e o Cais do Sodré. A proposta da câmara sugere igualmente que os cartazes maiores sejam apenas colocados nas avenidas Norton de Matos, Marechal Craveiro Lopes, General Correio Barreto, Marechal António Spínola e na Infante D. Henrique. Para os de menores dimensões é proposto um mapa que será ainda apresentado aos partidos para ser acertado."A proibição de propaganda no Marquês de Pombal foi muito bem recebida e a do Martim Moniz consensual. No Cais do Sodré foi sugerido que se encontrassem alternativas, que é o que vamos ainda analisar", explicou Sá Fernandes. "O desejo é que seja consensual para que todos cumpram. Hoje [ontem] tivemos uma primeira reunião e todos foram muito receptivos às propostas da autarquia", disse o vereador do Espaço Público. Lusa
Acho muito bem mas lamento que a sensibilidade do Zé não se estenda também à publicidade comercial que tem progressivamente degradado "as vistas" das nossas cidades.
Há cruzamentos em Lisboa apinhados de placards, alguns com imagens móveis, alguns da própria autarquia, que, para além da degradação estética, distraem os condutores e propiciam os acidentes de viação.
Será que o Zé só vê com um dos olhos ?
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sexta-feira, janeiro 30, 2009

A falta que os pobres fazem

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Dois padres disputam (!!?) confederação de 2600 IPSS
Dois padres católicos lideram as listas candidatas à direcção da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade (CNIS), que amanhã será eleita no congresso que reúne 2600 organizações de todo o país. Uma é a lista de continuidade, liderada por Lino Maia, a outra inclui três pessoas ligadas a estruturas locais do Partido Socialista no Porto e em Braga.
Carlos Gonçalves, pároco de Rio de Mouro e presidente do Centro Social desta paróquia do concelho de Sintra, sentiu a actual direcção da CNIS, liderada pelo padre Lino Maia, do Porto, como "uma entidade extraterrestre".
A CNIS deixou de ter "um papel activo, que deve prestar como serviço e não como um poder", afirmou ontem, em declarações ao PÚBLICO. Se for eleito, Carlos Gonçalves propõe-se "dar força às uniões distritais", que podem exercer um papel "mais preponderante e melhor que a estrutura nacional".
O prior de Rio de Mouro está consciente do risco que a inclusão de três membros do PS pode ter para a sua candidatura. Além de José Fernando Moura, candidato a presidente da assembleia geral, e de José Manuel dos Santos Correia, para vogal da direcção, a lista inclui Alfredo Cardoso da Conceição, chefe de gabinete do presidente da Câmara Municipal de Braga, Mesquita Machado.Tal composição pode ser lida como uma colagem ao Governo. "Nenhum de nós se conhecia.
Mas mais colagem do que houve ao longo dos últimos três anos, é impossível de existir. E em ano de eleições, não sabemos que Governo vem aí.
"Na lista da continuidade, Lino Maia quer que haja uma "orientação clara na contratação colectiva", uma "resposta em rede à crise actual" e uma opção pela "solidariedade entre os utentes, para uma maior abertura ais mais carenciados". Hoje e amanhã, o congresso discute a qualidade das instituições e a atenção à educação, contando na abertura com a presença do Presidente da República.A CNIS reúne 2596 instituições de solidariedade (das quais 40 por cento ligadas à Igreja Católica), dando emprego a 200 mil pessoas e representando 4,3 por cento do Produto Interno Bruto.

Público, 30.01.2009


Às vezes tenho a desconfortável sensação de estar a ser caridoso sem saber, de alguém andar a fazer caridade com o meu dinheiro e com o dinheiro que é de todos. Esses brilharetes feitos com dinheiro alheio se calhar também servem para "espalhar a fé", uma fé que eu não partilho.
Além de fazer caridade sem saber também sou, provávelmente, mecenas dos missionários.

Mas isto é apenas uma vaga sensação que me assalta quando vejo tantos precipitar-se para a caridade de forma que considero enigmática.
Tudo se torna mais claro quando vemos que o sector proporciona 200.000 empregos e quando pensamos nas verbas que estes milhares de instituições drenam dos cofres do Estado.Serão todos estes empregos e verbas integralmente usados em prol dos pobres ?
Não sei. Espero que alguém saiba. Espero estar enganado.

Mas toda esta militância na luta pelo controle das estruturas de poder das IPSS não cheira nada bem.
Uma coisa é clara para mim: se algum dia, por um passe de mágica, fosse possível acabar com os pobres isso ía deixar muita gente na pobreza. Não pode ser.
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Sócrates como subsídio

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O"caso Freeport" absorveu toda a política portuguesa e toda a diligência de todo, ou quase todo, o jornalismo português.
Vasco Pulido Valente, Público, 30.01.2009
Eu acho que é já a crise, a dura luta pela sobrevivência da imprensa escrita, quem dita as parangonas.
O caso Freeport é um balão de oxigénio providencial que adiará falências por mais alguns meses.
Nesse sentido Sócrates está, sem querer, com o seu próprio corpinho, a subsidiar mais um sector em crise.
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quinta-feira, janeiro 29, 2009

UM POVO FELIZ: AQUI!

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Ontem, em Davos, Vladimir Putin disse sobre a crise financeira: "É uma perfeita tempestade." E avisou: "Estamos no mesmo barco." Estamos, entenda-se, os 191 países da ONU. O mundo inteiro à deriva! Alguém me sopra ao ouvido: "Os países da ONU são 192..." Pois eu explico: falo mesmo de 191. É que há uma espécie de aldeia gaulesa, no canto ocidental do continente europeu, imune à tempestade. A OIT avisou, também ontem, que este ano poderá haver mais 51 milhões de desempregados, mas isso passa ao lado de Portugal, orgulhosamente só. E, desta vez, sem orgulho tolo: parece-me que a coisa nos corre mesmo bem. Fiquei a sabê-lo, ontem, no debate parlamentar entre o Governo e os deputados. O tema principal era sobre "as políticas económicas e sociais." Com todas as notícias desastrosas que vinham lá de fora, o tema preocupou-me: queres ver que a crise já cá chegou? Mas, no fim, suspirei de alívio. O Governo e a Oposição mergulharam (não se assustem, por cá as águas são mansas) na discussão sobre propaganda, ou não, de um pretenso relatório da OCDE. Não tenho mais nada para dizer. Os povos felizes não têm história.
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"ENCONTREI UM POVO FELIZ: AQUI!"
Ferreira Fernandes, DN 29.01.2009

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Síndrome "avião de Sá Carneiro"

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Síndrome é o agregado de sinais e sintomas associados a uma mesma patologia e que em seu conjunto definem o diagnóstico e o quadro clínico de uma condição médica. Em geral são um conjunto de determinados sintomas, de causa desconhecida ou em estudos, que são classificados, geralmente com o nome do cientista que o descreveu ou o nome que o cientista lhes atribuir. Um síndrome não caracteriza necessariamente uma só doença, mas um grupo de doenças.
(WIKIPÉDIA)

O meu amigo Jorge continua no Trix-Nitrix a sua saga Freeport (já no quarto episódio) e queixa-se da indiferença da blogosfera relativamente ao assunto. "Os outros blogs de referência ignoram-no olimpicamente. Estão no seu direito", diz ele.
Passei alguns segundos a cogitar sobre as razões que ditam a minha própria indiferença quanto ao Freeport e cheguei à Síndrome "avião de Sá Carneiro", que ocorre com grande frequência numa faixa da Península Ibérica, a Ocidente, com cerca de duzentos quilómetros de largura.

Em que consiste esta síndrome ? Aqui vai a minha explicação: é uma tendência patológica para nunca actuar quando os factos estão a acontecer, ou pelo menos em tempo útil, e para regressar aos casos muitos anos depois, quando já não se pode provar nada e os "relatórios técnicos", às dezenas, são totalmente contraditórios.

Tem-se verificado que, quando ocorre, a síndrome se manifesta por um grande formalismo; não interessa se é ou não importante, se foi ou não prejudicial, o que interessa é se os trâmites foram cumpridos mesmo que os trâmites sejam a capa da tramóia.
Não se trata de prejuízos e penalizações quantificadas mas sim do cumprimento, rigoroso ou não, de elevados padrões éticos abstractos e incomensuráveis.

Claro que não passa pela cabeça de ninguém encontrar, e ainda menos punir, qualquer responsável. Não há memória de tal coisa ter alguma vez acontecido.

Seria aliás absolutamente indesejável chegar-se a uma qualquer conclusão pois ela impediria-nos-ia de continuar, saborosamente, a discutir se foi acidente ou atentado.
Trata-se apenas de arranjar temas para os discursos, as capas dos jornais e as conversas do Zé Povinho.
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quarta-feira, janeiro 28, 2009

O Estado da nação

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O Correio da Manhã de hoje é um verdadeiro tratado sobre o Estado da nação.
O já famoso primo de Sócrates, o tal que só tinha um neurónio criativo, está em retiro na China.
É uma família problemática. O pai tem "perdas sucessivas de memória" e "depende da sua secretária pessoal", pelo que diz o irmão do primo.
As Procuradoras andam à procura das provas para incriminar Rendeiro, que se vê forçado a viver dos rendimentos.
Já o L. F. Vieira apieda-se dos pobrezinhos e resolve fazer um assado com a águia, perdão, uma Fundação.
Um filho mata o pai à machadada e duas filhas, e que filhas, são filhas da mãe (cada uma da sua).
Dias Loureiro andava "perdido na gestão do BPN", o que se compreende pois foi antes da invenção do GPS.
Por estas e por outras é que Cavaco, na foto um bocadinho esgazeado, "arrasa a redacção das leis" e eu, se fosse ele, arrasaria também uma série de outras redacções.
Enfim, um nunca mais acabar de desgraças que impede o leitor avisado de se atrever para lá da primeira página (do jornal e do país).
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Os despedimentos são notícia ?

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"O agravamento da crise económica mundial e a divulgação de resultados precipitaram ontem anúncios simultâneos de corte de milhares de postos de trabalho na Europa e nos Estados Unidos. Oito multinacionais, que no seu conjunto empregam mais de um milhão de trabalhadores, anunciaram despedimentos de mais de 72 mil pessoas." DN 27.01.2009
Está a tornar-se rotina, nos noticiários, a listagem das empresas que “dispensaram” trabalhadores juntamente com as agruras do inverno e saga dos pais biológicos. Aos milhares vão sendo apresentados como resultado de uma qualquer perversão do sistema.
E se não fosse assim? Se o sistema estivesse agora, isso sim, a mostrar a sua verdadeira capacidade de empregar, de dar emprego? Se aquilo a que antes estávamos habituados fosse uma anormalidade conseguida artificialmente pelos "truques da financeirização”?
É precisamente isto que eu venho dizendo desde 1990, sem grande eco aliás.
O sistema económico em que vivemos padece de duas contradições que se agravam de dia para dia:
1) para funcionar, o sistema precisa de quem compre mas cada unidade produtiva procura pagar o menos possível em salários para preservar a sua rentabilidade.
2) para vencer a concorrência, cada unidade produtiva tem que se diferenciar no mercado, tem que inovar, mas tal não é garantido pelo aumento do número de empregados.
Pode dizer-se, como síntese, que é cada vez mais difícil ter lucros contratando pessoas.
Por causa destas duas contradições, porque a oferta cresce muito mais do que a procura, o sistema foi tendo que se apropriar dos salários passados (sob a forma de poupanças que se investem e se evaporam na bolsa) e dos salários do futuro (sob a forma dos fundos de pensões especulativos e do crédito fácil). Até que, recentemente, alguém gritou “o rei vai nu” e se gerou a actual situação de “crise”.
Se esta análise é correcta só temos duas hipóteses: ou repomos a situação anterior ou inventamos uma nova forma de organizar as relações de produção e distribuição em sociedade.

O resto são ilusões, oportunismos e demagogias.

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terça-feira, janeiro 27, 2009

Filme "promocional"

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Vicky Cristina Barcelona. Aquilo que pode vir a ser o mais eficaz filme promocional do turismo de Barcelona, cidade que já nem precisa, é simultâneamente uma obra encantadora.
Com a graça de um Mozart sucedem-se as peripécias sentimentais servidas por um fabuloso texto e por um soberbo naipe de actores (Rebecca Hall, Javier Bardem, Scarlett Johansson e, a grande altura, Penelope Cruz).
De que se trata então? Woody Allen quer mostrar como é ilusório procurar a realização pessoal, e um significado para a vida, nas relações sentimentais. De como essa demanda pode levar à frustração, à loucura ou, na melhor das hipóteses, a um infatigável nomadismo.
Como o filme subtilmente demonstra só o que fazemos, aquilo em que nos expressamos, constitui a resposta que nos falta.

Neurónio criativo

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"A empresa Neurónio Criativo, que pertenceu a Hugo Monteiro, primo de José Sócrates, só foi criada em 2005 e apenas durou dois meses. Foi para aquela sociedade que o primo do primeiro-ministro cobrou um favor junto do Freeport, pelo facto de o pai ter intermediado um encontro entre Charles Smith e José Sócrates, ministro do Ambiente à altura da aprovação do outlet de Alcochete." DN 27.01.2009


O primo de Sócrates tinha um neurónio criativo. O problema é que era só um e durou apenas dois meses.

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MAIOCLARO

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Lançamento da Revista MAIOCLARO no CPF - 31 de Janeiro de 2009, 16 horas

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segunda-feira, janeiro 26, 2009

O mata moscas russo

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Hoje, no noticiário das 20 horas da RTP1, tive uma revelação: o mata moscas russo.
Orlando Lopes da Cunha, presidente da ANIVEC – Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecção, falava sobre os graves problemas que afectam o sector e sobre as medidas urgentes que importa tomar para o salvar.
A propósito dos rigores do fisco, para ilustrar os exageros com que procede, comparou-o ao mata moscas russo que, segundo ele, teria sido adoptado após a última guerra mundial.
E explicou como era: "o mata moscas russo descia do tecto e matava realmente a mosca mas, continuado a sua marcha, arrebentava com a mesa e desfazia todos os que nela se sentavam".
Temos que reconhecer que era assustador, além de pouco prático. Como é que depois de tantos anos de militância política eu nunca tinha ouvido falar do mata moscas russo ?
As coisas que se aprendem quando se vê o Telejornal...
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Discografia do essencial (1)

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Depois de 45 anos a ouvir musica resolvi começar a publicar a minha "Discografia do Essencial". Esta versão do Concerto Triplo no formato LP, gravada em 1969, foi um dos primeiros discos que eu comprei depois de regressar da Guiné em 1970. É o padrão pelo qual avalio todas as outras interpretações.

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A "outra metade" da humanidade

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Por mero acaso coincidem no dia de hoje, 26 de Janeiro, as comemorações do Novo Ano Chinês (que já referimos aqui) e o grande feriado nacional da Índia, o Dia da República, em que se tornou Estado soberano (26 de Janeiro de 1950).
Sem nós darmos por nada, virados para o nosso precioso umbigo, há cerca de doil mil e quinhentos milhões de seres humanos em festa do outro lado do planeta.

É a "outra metade" da humanidade que só conhecemos como exotismo e a que só concedemos a condição de folclore.
No entanto a grandeza do fenómeno devia comover-nos ou, no mínimo, provocar-nos tonturas. Sem pieguices.
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domingo, janeiro 25, 2009

Com tranquilidade...

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Quase sem distinção, surgem novos processos de fraude ou de corrupção. Já não lhe conhecemos os nomes ou as designações. Há bancos que estão em vários, do "furacão" aos "off-shores", das "facturas" ao "apito", da contabilidade paralela ao favoritismo, passando pela promiscuidade. Há gente que acumula irregularidades. Que todos conhecem, menos as entidades ditas reguladoras e a justiça. Ou, pior ainda, que talvez as entidades reguladoras e a justiça também conheçam...
O próprio primeiro-ministro pôs em causa a eficácia e a orientação ou do Ministério Público ou a de uma certa imprensa com acesso às "fugas" orientadas. Os processos de políticos, de grandes empresários, de banqueiros, de dirigentes de futebol, eventualmente de autarcas, de artistas e de atletas... não começam ou não chegam ao fim. Ou não se esclarecem. Ou chegam tarde. Ou prescrevem. E entretanto, o criminoso fugiu, o bandido desapareceu, o vigarista recomeçou vida...
Em qualquer dos casos que vem até ao proscénio, os protagonistas não se cansam de repetir que aguardam, "com serenidade", que justiça seja feita. Todos afirmam que respeitarão a justiça portuguesa e que nela confiam. Muitos pedem que se faça justiça rapidamente e bem. "Até ao fim", dizem. "Até às últimas consequências, doa a quem doer", acrescentam. É o que se diz. É lugar-comum obrigatório.
Mas a certeza é que ninguém espera com tranquilidade. Nem vítimas, nem culpados.
António Barreto, Público 25.01.2009


A descrição do problema está correcta mas discordo das conclusões.
Se os culpados dizem que aguardam "com serenidade" que a justiça seja feita não é por ser "lugar comum obrigatório" mas por saberem que nunca serão condenados.
Parafraseando Paulo Bento: haverá muita gente em Portugal que encara a justiça "com tranquilidade" mas não serão certamente as vítimas.
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Literatura infantil

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ALEGRE VAI LANÇAR LIVRO INFANTIL
Manuel Alegre vai publicar este ano um livro infantil intitulado “O Príncipe do Rio” pela editora Dom Quixote.
Expresso, 24.01.2009

Será a compilação dos discursos políticos de 2008 ?

sábado, janeiro 24, 2009

Quem manipula quem ?

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WASHINGTON - Desde seus primeiros dias, a administração de Barack Obama já coloca a China, sua moeda e seu enorme excedente comercial com os Estados Unidos na mira, apesar de Washington reconhecer que precisa de Pequim - seu maior parceiro comercial atualmente - para reativar a economia mundial.

O gigante asiático, actual terceira potência económica, ocupou boa parte do discurso de Timothy Geithner no comité de Finanças do Senado, que ontem aprovou sua nomeação como secretário do Tesouro de Barack Obama.

"O presidente Obama - respaldado pelas conclusões de grande parte dos economistas - acredita que a China manipula sua moeda", declarou Geithner aos senadores, indignados com a suposta subvalorização do iuan, com o objetivo de aumentar artificialmente as exportações.

"O presidente Obama está decidido a recorrer a todas as vias diplomáticas disponíveis para obter uma mudança nas práticas da China em relação a sua moeda", declarou Geithner, acrescentando que "um dólar forte é de interesse nacional" para os EUA.

Eu pensava que tinham sido precisamente os Estados Unidos a manipularem, durante décadas, a seu belo prazer, a sua moeda para efeitos económicos e políticos. Claro que posso estar enganado.

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sexta-feira, janeiro 23, 2009

Fartos da birra

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"O primeiro-ministro anunciou, enquanto secretário-geral do PS, que na sua moção para o próximo congresso do partido propõe a legalização do casamento civil das pessoas do mesmo sexo. O anúncio teve lugar domingo passado. O assunto foi objecto de destaque nas notícias, nomeadamente quanto à hipótese de essa legalização incluir ou não a possibilidade de adopção. Esse destaque não resultou, no entanto, naquilo que normalmente se segue ao anúncio de uma medida considerada polémica: não houve declarações inflamadas da oposição (nem à esquerda nem à direita), nem debates na TV com gente contra e a favor. Os representantes das associações LGBT, que deviam ser disputados em noticiários televisivos, não deram sinal de vida na pantalha - à excepção da TVI, ninguém os chamou. Nem a sempre instantaneamente excitada blogosfera deu sinal de indignação. Será que afinal a medida é pacífica?"
Fernanda Câncio no DN 23.01.2009 e no JUGULAR.

A reacçao da Fernanda é como a das crianças que têm a mania de fazer birras rojando-se pelo chão e que, um dia, os adultos resolvem ignorar e deixar fazer o que lhes passar pela cabeça.

Acabou-se a graça da birra ou, no caso vertente, a romântica luta na defesa dos perseguidos (neste caso os perseguidos têm força suficiente para torcer Sócrates, o que nem os professores ainda conseguiram).

Do alto da sua autoridade democrática, numa fase da vida em que pode bem com as chantagens, Mário Soares veio, no Público, reduzir a questão à sua modesta dimensão:
"Os casamentos entre homosexuais são (questões) de consciência complicadas, não são esses os problemas fundamentais... mas há certos radicais que querem ir adiante para mostrarem que são de esquerda".

Aqui ficam algumas pistas para a Fernanda perceber porque razão o anúncio de Sócrates não causou alarido:

1. o pessoal acha que este é um "não problema"
2. o pessoal está farto de aturar birras
3. o pessoal já sabe que Sócrates, como em geral os políticos em vésperas de eleições, quer jogar pelo seguro e portanto não há mais nada a fazer.

A Fernanda devia tentar perceber que a generalidade das pessoas que se opõem ao tal casamento (parece que são a maioria) não querem perseguir ninguém. Quem é contra o casamento hetero, não está numa de perseguir os heteros, nem quer acabar com as relações heterossexuais. Acha apenas que o casamento é uma instituição desnecessário ou mesmo prejudicial.

Num momento em que devíamos estar todos a gritar "acabem com todos os casamentos" aparecem uns maduros, cujo charme podia precisamente ser irem contra as convenções. a dizer que querem ser como os mais convencionais dos burgueses.

Mais uma vez lhe digo: sou contra o casamento, e em especial o casamento gay, por razões estéticas. Mas se os gays querem fazer figuras ridículas e casar-se, eu por mim tudo bem, não haverá nenhum cataclismo.
Realmente tenho mais em que pensar. Que sejam muito felizes e tenham muitos meninos (adoptados, bem entendido)
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The day after

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Com Obama o Império Americano ascende a um novo patamar. Já não é só o mais rico, militarmente poderoso e mediáticamente influente. Agora é também o "guia espiritual" de todo o "mundo livre".

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CRISE

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Arcadio Esquivel, Cagle Cartoons, La Prensa, Panama

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quinta-feira, janeiro 22, 2009

Ainda há

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Dois homens que terão estado envolvidos na produção e venda do leite contaminado com melamina foram condenados hoje à morte pela justiça chinesa.
Tian Wenhua, a responsável pela empresa de lactícinios, a Sanlu, que esteve no centro do escândalo foi condenada a prisão perpétua. Seis crianças morreram e cerca de 300 mil crianças ficaram doentes nesta crise que abalou o mundo.
...Um dos homens condenados à morte é Zhang Yujin que, entre Outubro de 2007 e Agosto de 2008, terá feito e vendido mais de 600 toneladas de pó que continha melamina. A melamina é usada para disfarçar leite diluído e aumentar artificialmente os níveis de proteínas. O pó foi adquirido por intermediários que fizeram a mistura necessária para disfarçar leite mais fraco e diluído, comprado a agricultores, e que depois foi vendido ao Grupo Sanlu.
Um desses intermediários é o outro homem condenado à morte. O produtor de lacticínios terá revendido 230 toneladas de malte misturado com melamina, para outras firmas, em Shijiazhuang e três outras cidades na província de Hebei.
A sessão do julgamento ainda não terminou. Hoje à tarde será lida a sentença para mais 21 arguidos também implicados neste caso.
Público 22.01.2009

Ainda há neste mundo quem, num prazo razoável, julgue e faça punir a ganância homicida.
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Afinal Santana era literato

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A Câmara de Lisboa desistiu da megabiblioteca de 11 andares que prometeu para o Vale de Santo António em 2005, num investimento então calculado em 30 milhões de euros. Quer o vereador do Urbanismo quer o das Obras Municipais dão por adquirido este facto. Esqueceram-se foi de o anunciar à população.
Os arquitectos encarregues do projecto, Manuel Aires Mateus e Alberto Souza Oliveira, também não foram informados de que o edifício que desenharam dificilmente verá a luz do dia.Mais do que uma simples biblioteca, o projecto visava criar nas proximidades da Avenida do General Roçadas, já não muito longe do Tejo, um grande pólo cultural, no qual pudesse ser também alojado o arquivo histórico municipal, com documentos desde o séc. XII, um centro de convenções, com dois auditórios, uma livraria, galerias de exposições e terraços com esplanadas e restaurantes.
A ideia de criar uma biblioteca central vinha já de João Soares, mas foi Santana Lopes quem lançou a primeira pedra, numa cerimónia preparada para o efeito. O projecto não foi isento de críticas: mesmo no departamento camarário de Cultura houve quem o achasse megalómano. Mais tarde, responsáveis camarários haveriam de defender a sua redução. Mas afinal nem uma versão menor irá por diante.
O vereador das Obras, Marcos Perestrello, invoca os elevados custos da obra, que devia ter ficado concluída no final de 2008, para justificar a desistência. Já o vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, garante que será construído no local um edifício - mas não uma biblioteca.
O PÚBLICO tentou ainda obter esclarecimentos sobre o assunto por parte da vereadora da Cultura, mas sem resultado. "Trata-se de um projecto fundamental para redimir do abandono esta zona da cidade", observa Aires Mateus. "Se o projecto é reformulável? Claro, mas nunca me pediram para o fazer". "É uma pena se o edifício não for construído", diz também Souza Oliveira. "Este edifício seria uma âncora, tal como a Casa da Música no Porto". Aires Mateus compara-o ao Centro Cultural de Belém. "Megalómano? Não, de todo. O arquivo foi calculado para os próximos 40 anos, como mandam as normas internacionais", frisa Souza Oliveira. Da obra prevista, a única coisa que arrancou foi a escavação e a contenção de terras. Entre isto e o projecto, a autarquia gastou perto de três milhões de euros. PÚBLICO 22.01.2009
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quarta-feira, janeiro 21, 2009

Santuário Capitólio

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O Avenida Central chama sermão ao discurso de posse de Obama e basílica ao Capitólio, corroborando uma ideia que já me tinha assaltado também.

Quanto a mim não se trata de discutir a eventual religiosidade de Obama ou mesmo se a sua governação vai ser muito, ou pouco, influenciada pela religião.

Eu, ao assistir à "inauguração" pela TV, tive a sensação de estar perante um daqueles pregadores das novas igrejas, ou melhor, que a multidão esperava e precisava que Obama funcionasse como os tais pregadores das "igrejas da esperança".

A mensagem é a mesma: "A salvação virá se acreditarmos nos pais fundadores e praticarmos todos, muito, o Bem".

É assustador pensar que uma potência como a América se vai refundar sobre um discurso que omite deliberadamente as complexidades do mundo e dos mecanismos da história, colocando-se acima e para lá deles.

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Desemprego sobe na China pela primeira vez em cinco anos

GLOBO.com

A taxa de desemprego oficial da China aumentou no ano passado pela primeira vez em cinco anos, após a crise financeira global reduzir o crescimento da economia do país no quarto trimestre.
A taxa de desemprego no setor formal urbano subiu para 4,2% no fim de dezembro, depois de ter se mantido em 4% desde o final de 2007, segundo o Ministério dos Recursos Humanos e da Seguridade Social. Em bases anuais, foi o primeiro aumento do desemprego desde 2003, quando a taxa chegou a 4,3%.
Os números não incluem os trabalhadores migrantes sem registro, muitos dos quais também perderam seus empregos nos últimos meses. O crescimento da taxa no fim do quarto trimestre, comparada à do terceiro trimestre, reflete a desaceleração econômica do período, disse o porta-voz do ministério, Yin Chengji. Ele afirmou que há mais pessoas em busca de trabalho e menos postos disponíveis.
"Mas, no geral, a situação está sob nosso controle", declarou Yin. Os esforços do governo para manter estável o crescimento econômico são importantes para estabilizar o mercado de trabalho, acrescentou.
Segundo o representante do Ministério, o governo considerou a diminuição do crescimento econômico neste ano quando fixou suas metas de criar postos de trabalho para 9 milhões de pessoas nas áreas urbanas e manter a taxa de desemprego em no máximo 4,6%.
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terça-feira, janeiro 20, 2009

Pronto, já está !!

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Gosto muito disto:



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Regresso a Ganturé

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O Google Earth possibilitou-me um inesperado regresso a Ganturé, na Guiné. Há quarenta anos, a 7 de Setembro de 1968, fui mandado para "ocupar posição in the middle of nowhere". Pela foto acima parece que o local continua descampado. Era então um conjunto de vagas ruínas abandonadas pela exploração da mancarra (amendoim) quando começou a guerra.
O meu comandante, que era suposto comandar a acção, "deu parte de doente" à hora do embarque e, por tabela, vi-me inesperadamente com 200 fuzileiros nos braços para realizar a operação. Parti do cais do Pidgiguiti que ainda hoje se pode ver em Bissau através do Google Earth.


Quando cheguei a Ganturé, numa curva do rio Cacheu no Norte do país, tive que desembarcar muitas toneladas de equipamento debaixo de uma chuva diluviana e improvisar a guarda para a passarmos a primeira noite.




Salvo um ou outro bombardeamento de canhão sem recuo a que éramos sujeitos de vez em quando a vida lá se normalizou durante alguns meses. Recordo que foi neste local que soubemos pelo rádio clandestina, e festejámos, a queda da cadeira de Salazar ocorrida precisamente no dia da nossa chegada.


O local era inóspito, quente e cheio de mosquitos, e só havia "ar condicionado" quando acelerávamos no rio Cacheu.



O nosso cozinheiro, um minhoto de gema, organizava fantásticos defiles marciais para animar a pasmaceira em que vivíamos.




Esta é a fotografia "de família" com os homens do meu pelotão.

(clicar nas fotos para ampliar)
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Dedico este post ao novo site "GUERRA COLONIAL"
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O humanismo dos interesses

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Livro infantil “Googly-Goo! and His Ten Merry Men” de 1916. Ilustração de W.F. Stecher


O Google, cuja sede fica no estado norte-americano da Califórnia, enviou ao Supremo Tribunal um documento oficial defendendo a união civil entre homossexuais - que foi proibida no estado após um referendo realizado junto com as últimas eleições, em 4 de novembro de 2008.
Para o Google, muitos de seus funcionários escolheram trabalhar na empresa por conta das leis da Califórnia, que permitiam a união entre pessoas do mesmo sexo. Com o fim dessa permissão, a gigante de Internet teme que seus profissionais deixem o emprego.

O nosso Sócrates não está só quando declara "o combate a todas as formas de discriminação e a remoção, na próxima legislatura, das barreiras jurídicas à realização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo". Mas ao menos o Google reconhece que o seu "humanismo" é uma forma de salvar o negócio enquanto que Sócrates tenta disfarçar o receio de ver os seus votos fugirem para o BE.

Estamos portanto no terreno dos direitos fundamentais à protecção dos interesses.

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segunda-feira, janeiro 19, 2009

O diabo está nos detalhes

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Uma encenação pode realmente desarmar, com meia dúzia de erros, uma representação teatral.
Vem isto a propósito do Faust de Gounod recentemente apresentado no S. Carlos, com encenação de Christof Loy.
Logo no primeiro acto estala uma bombinha de S. António, abre-se uma divisória tipo Moviflor e aparece um senhor envergando um pijama gay que diz ser Mefistófeles.
Depois disto é difícil levar o resto da ópera a sério.
Veio-me logo à memória o excelente Pacino e a sua criação em "O Advogado do Diabo" (The Devil's Advocate, 1997). Depois de o ver, para mim, o diabo nunca mais foi o mesmo.
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Nunca mais esqueci a sua frase "Vanity is my favourite sin"




Rendeu-se à democracia clientelar


"A moção do líder do PS, hoje apresentada, define como meta nas legislativas a maioria absoluta, promete reforçar os direitos dos imigrantes, defende o "casamento civil" homossexual e prevê voltar a referendar a regionalização."
Na próxima semana será o "Estatuto da Carreira Docente" e, nos próximos meses, todos os estatutos de todas as corporações que jurou combater. Do povo nem cheiro.
Rendeu-se à democracia clientelar e portanto já não terá o voto que eu lhe prometera há uns tempos.
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domingo, janeiro 18, 2009

A impunidade da prepotência

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O filme conta a história de Christine Collins (Angelina Jolie), supervisora de uma agência telefónica, cujo filho desaparece.
Após 3 meses de buscas o menino é supostamente encontrado, mas finalmente descobre-se que não é Walter, o filho de Christine.
Apesar disso ela é forçada pelo capitão Jones (Jeffrey Donovan), que não quer reconhecer o seu erro, a ficar com a criança.
Juntamente com o reverendo Gustav (John Malkovich) ela resolve enfrentar a polícia de Los Angeles e é atirada para um manicómio.
Só com uma luta titânica acaba por ser libertada e vê esclarecido o crime horrendo por trás do desaparecimento do seu filho.
Este novo filme de Clint Eastwood é um ensaio sobre a prepotência das "autoridades" e sobre a enorme coragem que é necessária para a combater.
A prepotência é frequentemente inverosímil e cria nas próprias vítimas uma espécie de vergonha que as impede de a denunciar.
Uma questão que continua na ordem do dia.
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sábado, janeiro 17, 2009

Puro Shakespeare na Figueira

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Um homem de 67 anos estava há dias em frente a uma juíza, num gabinete dentro do Tribunal da Figueira da Foz, quando sacou de um cutelo que guardava numa pasta e amputou parte do dedo indicador esquerdo em cima da secretária. Foi a forma encontrada pelo empresário Orico Santos para demonstrar o seu descontentamento durante uma diligência no âmbito de um processo executivo.
De seguida, deixando na mesa pequenas partes do dedo, abandonou o gabinete aos gritos e a protestar. As pessoas que estavam junto à sala de audiências, para serem ouvidas noutros processos, apanharam um grande susto com mais este caso de insegurança nos tribunais. "Apareceu do interior do tribunal com o cutelo na mão, a pingar sangue e só gritava: Ladrões! Ladrões!", descreveu um homem. A diligência que motivou a reacção decorreu ao início da tarde, numa sala em que estariam mais pessoas, além da juíza e do empresário.
Em causa estava a abertura de propostas de venda de bens penhorados, uma função por norma atribuída ao juiz – que adjudica os bens pelo valor mais elevado.
O resultado não agradou a Orico Santos, que deixou um rasto de sangue por onde passou, ficando três pequenos pedaços do dedo no gabinete. Foi levado ao Hospital da Figueira da Foz para ser tratado.
E ainda há quem diga que não acontece nada nos tribunais portugueses... Pelo contrário os tribunais estão em vias de se tornar ferozes concorrentes dos nossos teatros.
Este caso do cutelo em tribunal é Shakespeare e do melhor, com sangue e tudo. Em "O mercador de Veneza" figura apenas uma tentativa de cortar uma libra de carne para resgatar uma dívida. Na Figueira da Foz saltou realmente um dedo para contestar uma penhora o que, mesmo que o dedo não pese uma libra, acaba por ter mais impacto.

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China: A hora dos sociólogos

Sede da Televisão Central da China em Pequim
Lusa
16.01.2009

Pequim, 16 Jan (Lusa) – Considerada até há pouco tempo uma “disciplina burguesa”, a sociologia parece desempenhar hoje um papel central na vida académica e politica da China, proporcionando aos seus investigadores uma liberdade surpreendente.
“Nos próximos trinta anos devemos libertar a sociedade das mãos do Estado, como fizemos com a economia durante os últimos trinta anos de reforma e abertura”, diz Shen Yuan, vice-director do Centro de Estudos da China Contemporânea da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Qinghua, em Pequim.
Trata-se de uma das mais prestigiadas universidades chinesas, onde se formaram importantes membros da actual liderança chinesa, incluindo o secretário-geral do Partido Comunista e presidente da Republica, Hu Jintao, e o vice-presidente, Xi Jinping, apontado como o seu provável sucessor.
O sociólogo francês Jean-Louis Rocca, professor na Qinghua, é peremptório: “A liberdade de tom utilizada pelos sociólogos chineses põe em causa o que habitualmente se pensa no Ocidente acerca de liberdade de expressão na China”.
“No domínio académico, há uma grande liberdade. Os sociólogos chineses não se opõem politicamente ao governo, mas são muito críticos”, acrescentou.
Jean-Louis Rocca falava a propósito da obra colectiva “A sociedade chinesa vista pelos seus sociólogos”, que Rocca e Shen Yuan apresentaram esta semana em Pequim.
Após a fundação da Republica Popular, em 1949, a China “seguiu o exemplo da União Soviética” e baniu o ensino da sociologia, considerada “uma disciplina burguesa” e que “o materialismo histórico podia facilmente substituir”, recordou Shen Yuan.
“1953 foi o ano da morte da sociologia”, disse.
Morreu, mas ressuscitaria 25 anos mais tarde, depois da direcção do Partido Comunista adoptar a politica de “Reforma Económica e Abertura ao Exterior” e de Deng Xiaoping, “o arquitecto-chefe das reformas”, ter defendido que “a sociologia devia recuperar o seu atraso”.
Hoje, a China tem cerca de 300 instituições dedicadas à sociologia e “entre 6.000 e 10.000 investigadores”, referiu Shen Yuan. “Temos uma grande equipa”, afirmou.
Assumido admirador do sociólogo francês Alain Touraine, Shen Yuan acredita que “a sociologia vai desempenhar um papel importante na reconstrução da sociedade chinesa”.
“O próprio governo, que desde 2005 fala na construção de uma ‘sociedade harmoniosa’, já nos deu sinais disso”, disse.
Na opinião de Rocca, “os sociólogos na China são mais ouvidos do que em França e também mais contestatários”.
Toda a China é, alias, “um verdadeiro laboratório de investigação” e “um terreno de experimentação que não se compara a nenhum outro pais”, sustenta aquele sociólogo francês.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Novo Aeroporto de Lisboa

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"A Presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, voltou hoje a criticar os grandes investimentos públicos do Governo de José Sócrates por aumentarem a dívida do país, o que considera especialmente grave no actual contexto de crise financeira. “Sendo Governo riscarei imediatamente o TGV”, assegurou a social-democrata, em entrevista à RTP, acrescentando que o projecto “tem custos presentes e futuros que não são compatíveis com o nosso nível de endividamento”.

Público, 15.01.2009

Quanto ao aeroporto em Alcochete está provado que é perfeitamente dispensável dada a extensão do "mar da palha". Como a imagem mostra há outras possibilidades muito menos onerosas.

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Economia de circo

Depois da famigerada "economia de casino", que tanto atormenta o nosso Mário Soares, só nos faltava agora a economia de circo, que nos é proposta pela publicidade de uma grande instituição financeira. Cuidado com as escorregadelas.
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Acho que nunca mais nos sentiremos sós

PEQUIM (Reuters) - O número de internautas na China em 2008 saltou cerca de 42 por cento, para 298 milhões. Esses números solidificam a posição do país como a maior população na Internet do mundo, informou o Centro de Informações de Rede e Internet da China (CNNIC, na sigla em inglês). O número de usuários da Internet que usam acesso móvel decolou 113 por cento, para 117,6 milhões em 2008, e a Internet móvel deve crescer explosivamente nos próximos anos, após a emissão recente de licenças de terceira geração (3G) -- informou a agência estatal. GLOBO.com

Tenho a sensação de que, por enquanto, estão num mundo aparte. Se, e quando, o mundo deles e o nosso confluirem vai haver uma enorme inundação.
Lá vai o Cardeal ter que se preocupar com os casamentos dos nossos jovens com as orientais...
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quarta-feira, janeiro 14, 2009

A teoria da chaleira

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"Realizar uma pesquisa no Google é tão natural para um utilizador de Internet como respirar. Contudo, esse gesto esconde um preço medido em emissões de carbono até agora desconhecido, diz a BBC. Alex Wissner-Gross, físico da Universidade de Harvard, fez as contas: duas pesquisas produzem tanto dióxido de carbono como uma chaleira a ferver. “Uma pesquisa no Google tem definitivamente um impacto ambiental.”Wissner-Gross afirma que a sua investigação o levou a concluir que cada pesquisa normal no Google produz 7 gramas de CO2 para a atmosfera, sendo que o dobro desde valor equivale sensivelmente ao ferver de uma chaleira. "

Gostava de saber qual foi a quantidade de dióxido de carbono produzida pela difusão desta "descoberta" no mundo inteiro (incluindo este post). Assim se prova, mais uma vez, que a carreira científica não está vedada aos imbecis o que constitui uma oportunidade para muitos de nós.

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O Mundo Espera

terça-feira, janeiro 13, 2009

Conhecimento descartável

"A Pfizer, a maior companhia farmacêutica do mundo, vai despedir 800 cientistas durante este ano, o que representa cerca de oito por cento dos seus funcionários ligados à investigação científica, noticia "The Wall Street Journal". Em Setembro, a empresa já tinha anunciado a intenção de centrar a sua investigação científica em seis áreas - Alzheimer, cancro, esquizofrenia, dor, inflamação e diabetes -, abandonando todas as outras, incluindo a área cardiovascular. Desde Janeiro de 2007, na sequência de uma reestruturação, a Pfizer já eliminou 13.500 postos de trabalho e fechou oito fábricas. "
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Aqui está o que parecia ser uma excelente oportunidade. Alguém podia contratar todos estes cientistas e fazer, com eles, uma grande empresa farmacêutica. Ou um departamento de investigação do Ministério da Saúde. Por que não o fazem ?
Esta é uma boa ilustração da contradição entre o trabalho assalariado e a rentabilização do conhecimento.
Tudo o que estes milhares de cérebros ajudaram a criar lá ficou, na Pfizer, agarrado às patentes da empresa e à rede comercial que ela estendeu pelo mundo.
Todo o know-how contido nestes cérebros podia valer uma fortuna se fossem capazes de inventar uma nova forma de se organizarem para produzir e distribuir.
O mesmo se aplica, claro, a todos nós.
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segunda-feira, janeiro 12, 2009

Endividar-se a alta velocidade

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"A dívida total de 20 empresas do sector público empresarial, que integraram uma amostra feita pelo Tribunal de Contas para a realização de uma “auditoria aos débitos e ao prazo médio de pagamento das Empresas Públicas” atingia em 31 de Dezembro de 2007, cerca de 17.500 milhões de euros, o que significa 17 por cento por cento do total do Orçamento do Estado aprovado para aquele ano.Num relatório divulgado hoje, o Tribunal de Contas demonstra que 84 por cento deste montante se concentrava em apenas seis empresas, dos sectores de gestão de infra-estruturas, dos transportes e da comunicação social. A Refer, o Metro de Lisboa e a CP surgem nos primeiros lugares deste ranking, que é ainda intergrado pelo Metro do Porto, pela TAP e pela RTP. "
Bem me parecia que nesta coisa do endividamento ninguém se salvava; nem o Estado, nem as empresas públicas, nem as empresas privadas, nem o zé da esquina. Não nos salvamos nem com mais nem com menos Estado. É inerente ao sistema.
Quem é que está preparado para viver sem isso (ou sem o sistema) ?
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Quem responde ?

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Os últimos meses abalaram a economia de mercado e em especial o capitalismo financeiro. A crise levou à entrada em força do Estado nos mercados, nos bancos e nas empresas, muitas vezes a pedido dos próprios empresários. Os que agora se queixam é de não receberem ajuda do Estado. Acabou o ciclo durante o qual o mercado foi sacralizado
....Embora festeje a oportunidade que a crise supostamente lhe oferece, a esquerda não está a aproveitá-la. Quase só pode exibir Obama, que não é socialista. E Obama veio estragar uma bandeira tradicional da esquerda, o antiamericanismo. Na Europa, a esquerda não beneficia politicamente com a crise do chamado neoliberalismo. Limita-se a defender, apenas, uma maior intervenção do Estado.
...Claro que os esquerdistas "de protesto" se agitam. Mas como podem o estalinismo, o trotskysmo e o maoísmo reciclados apresentar algo de novo e positivo? O mesmo se diga dos adversários da globalização, que se especializaram em manifestações e violências de rua. Pouco mais trouxeram ao debate do que uma velha proposta (de 1971), aliás repudiada pelo seu autor para os efeitos pretendidos pelos "alter-mundialistas" (a taxa Tobin, sobre transacções cambiais).
...Com a direita na defensiva, a esquerda deveria agarrar estas questões e propor políticas inovadoras. Até agora não o fez em escala que se visse.

"Sugestões para a esquerda", Francisco Sarsfield Cabral
Público 12.01.2009


Já toda a gente dá conselhos à esquerda mas dizem que é a direita "está de pantanas".

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Vamos mudá-lo ?

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"Somos um grupo aleatório de cidadãos que não se revê nos partidos políticos actuais. Governam segundo a sua vontade e não segundo a vontade dos cidadãos. Criticar quem governa ou votar em branco não basta. Temos de fazer a nossa parte, por mais pequena que seja, para tentar ajudar a construir um futuro melhor. Para tentar mudar este estado de coisas, estamos a tentar criar um Movimento em que as Medidas defendidas sejam propostas pelos cidadãos e aprovadas pelos cidadãos. Ao mesmo tempo lutamos por uma sociedade mais justa, simples, humilde e solidária."
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"Todas as rebeliões começam por uma recusa. Para justificar a tirania, virão pedir-nos o nosso voto.
OLHOS NOS OLHOS, DIR-LHES-EMOS QUE NÃO!"
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Em tempo de crise sucedem-se os curandeiros, os oficiais e os espontâneos.
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domingo, janeiro 11, 2009

Divórcio gay

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"Saíram defraudadas as expectativas do Bloco de Esquerda em ter o apoio do PS para aprovar no Parlamento uma resolução recomendando ao Governo medidas suplementares para acabar com a discriminação dos homossexuais e dos bisexuais na doação de sangue.
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Maria Antónia Almeida Santos, deputada do PS, disse ao DN que o PS chumbará o articulado bloquista porque, neste aspecto, a luta contra a discriminação dos homossexuais não precisa de mais normas nem regulamentos, "que já existem". "Uma coisa são más práticas de um serviço ou outro. Outra coisa é uma prática generalizada de discriminação, que não existe", afirmou a deputada ao DN, que desafiou o deputado João Semedo a denunciar casos concretos que conheça, para depois o ministério da Saúde poder actuar. "Não há discriminação, há apenas precaução. Há regras para avaliar os comportamentos de risco dos dadores, regras internacionais aliás", acrescentou a deputada. As reservas colocadas pelo PS terão sido também semelhante às colocadas pelo CDS. A resolução só deverá, assim, merecer o voto favorável dos proponentes e da CDU. No PSD mantém-se a incógnita sobre o sentido de voto.Já não é a primeira que PS e Bloco de Esquerda se colocam em barricadas diferentes por causa das questões "gays". O Bloco e o PEV propuseram há poucos meses a legalização do casamento "gay" (proibido no Código Civil). A maioria PS chumbou os projectos por considerá-los inoportunos no tempo, além de responderem a nenhuma urgência social. "
DN 11.01.2009
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O Ano do Búfalo


No dia 26 de Janeiro inicia-se um novo ano na tradição chinesa.
O signo do Boi ou do Búfalo (niú) simboliza a prosperidade atingida graças à força de espírito e ao trabalho duro. Vem a calhar neste ano de crise.


PEQUIM - A China está planejando um pacote de ajuda no valor total de 9 bilhões de yuan (US$ 1,32 bilhão) para dar assistência aos mais afetados pela crise econômica global, informou a mídia estatal hoje. Cerca de 74 milhões de pessoas mais afetadas pela desaceleração econômica vão receber um bônus no valor de 100 yuan para aqueles que vivem no campo e de 150 yuan para os moradores de áreas urbanas.
Os pagamentos serão feitos antes do Ano-Novo Lunar no dia 26 de janeiro, disse o ministro de Assuntos Civis, Jiang Li, citado pela mídia chinesa. "O pagamento deste bônus excepcional tem como objetivo melhorar a vida de grupos em desvantagem nas cidades e no campo e ajudar aqueles com baixa renda a terem um feliz Ano-Novo", disse o ministro.
Em dezembro, o governo chinês decidiu mover o limite anual de renda familiar que caracteriza aqueles vivem na pobreza de 785 yuan para 1.100 yuan, segundo informou o China Daily. Como resultado, 43,2 milhões de pessoas agora são consideradas como oficialmente pobres, ao invés dos 14,8 milhões sob o limite anterior. A renda líquida anual média para os trabalhadores rurais em 2007 foi de 4.140 yuan, contra 24.932 yuan nas cidades.
As autoridades chinesas estão preocupadas com a possibilidade de a desaceleração econômica levar a um aumento na miséria em certas categorias da população, tais como trabalhadores migrantes dispensados pelas fábricas falidas no sul e leste da China. O governo também quer evitar um aumento no mal-estar social.

Estadão.com.br, 10.01.2009

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sábado, janeiro 10, 2009

Futuros tecnológicos e científicos

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Se gosta de espreitar o futuro tecnológico e científico tem que visitar TechCast Project, uma base de dados on-line onde 100 peritos prevêem a data da concretização das inovações.
O endereço é a http://www.techcast.org/.

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